Estamos às vésperas de uma das cúpulas climáticas de maior consequência para o futuro da humanidade. A COP26 será realizada em Glasgow, na Escócia, a partir de 31 de outubro, com foco na implementação dos compromissos assumidos pelos países signatários da Convenção do Clima e do Acordo de Paris.
A contagem regressiva para a COP26 foi o mote do evento TED Countdown dedicado às soluções para a crise climática, em Edimburgo, na semana passada. Dezenas de lideranças políticas e indígenas, cientistas, ativistas, empreendedores e investidores mostraram o desafio gigantesco e as soluções que temos a nosso alcance.
Estou mais que convencida que temos uma pequena janela de oportunidade para empreender todos os esforços necessários para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Isso é pré-condição para a sobrevivência da nossa espécie. E para tal é imperativo zerar as emissões de carbono, a perda da natureza e a pobreza em nosso planeta.
Amina J. Mohammed, secretária-geral adjunta da ONU, reforçou que precisaremos de dinheiro e de solidariedade para que a transição para uma sociedade e uma economia verde seja justa e eficaz. O compromisso dos países ricos de investir US$ 100 bilhões anuais na transição de nações em desenvolvimento precisa ser cumprido, e o valor ampliado. Amina se mostrou esperançosa com o ambicioso projeto “A Grande Muralha Verde” que pretende plantar 100 milhões de árvores para frear a desertificação de partes da África.
Solomon Goldstein-Rose desenhou o tamanho da ambição que devemos ter: precisamos de 12 vezes a capacidade atual de geração de energia limpa –hidro, nuclear, eólica e solar até 2050. E Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, mostrou o que é liderar pelo exemplo com as ambiciosas iniciativas nessa direção já em andamento, afirmando que pequenos países não têm tempo para objetivos pequenos.
O cientista Johan Rockstrom foi contudente ao afirmar que não podemos subestimar o efeito dos “pontos de inflexão” que ameaçam os grandes ecossistemas globais como as florestas Amazônica e Boreal, as geleiras do Ártico, da Groelândia e da Antártica, entre outros. Ele nos lembrou que a natureza absorve 50% das emissões de gás de efeito estufa, e que os modelos que calculam o aquecimento contam com a continuidade desse inestimável serviço.
Ilissa Ocko deu o roteiro para cortar a emissão de metano, que é a oportunidade mais rápida para retardar o aquecimento global. E Susan Ruffo nos lembrou da importância dos oceanos nessa equação, uma vez que absorvem entre 25% e 30% do CO2 da atmosfera.
Tzeporah Berman lançou iniciativa para a adoção de um acordo de não proliferação de combustíveis fósseis. E Dan Jogersen, primeiro-ministro da Dinamarca, nos mostrou que é possível: seu país já baniu a produção a partir de 2050, cancelando as licenças futuras, e investindo pesadamente em energia eólica.
O evento também foi palco do lançamento de grandes campanhas. Monica Araya nos falou sobre uma ampla coalizão para impulsionar a transição para carros elétricos. Enric Sala lançou a campanha para a proteção de 30% do planeta até 2030, com apoio da National Geographic. Nigel Topping apresentou três grandes corridas em curso: pela resiliência, pelo carbono zero e pela mobilização dos trilhões em investimentos necessários para fazer a transição.
Essas e outras palestras fantásticas, como a de Al Gore e as conversas incríveis mediadas pela superdiplomata Christiana Figueres, já começaram a ser divulgadas nas plataformas do TED. Não deixem de assistir, escolher que iniciativa apoiar e onde começar a agir. A contagem regressiva pela nossa sobrevivência já começou.
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