Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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#BolsonaroImbativel

Hashtag de apoio vira piada no Twitter com queda da aprovação do presidente no Datafolha

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Muito ainda será depreendido dos números da pesquisa divulgada nesta segunda (2) pelo Datafolha que apontou significativa deterioração da imagem de Jair Bolsonaro em menos de dois meses. No Twitter, que no início da tarde levava ao topo dos Trending Topics 53,8 mil menções a “Datafolha”, o presidente, que em entrevista pela manhã já ironizara o instituto —“você acredita em Papai Noel?”—, redobrou a carga:

@jairbolsonaro “Segundo o mesmo Datafolha que disse que eu seria derrotado se as eleições fossem hoje, eu perdi as eleições de 2018. Muito confiável!” A postagem trazia em fac-símile uma simulação de segundo turno feita em setembro de 2018 em que Fernando Haddad o derrotava. O último Datafolha antes do segundo turno, porém, apontou a vitória de Bolsonaro, com 55% dos votos.

Aparentemente, a sondagem, pródiga em notícias ruins para o atual ocupante do Palácio do Planalto, foi-lhe especialmente indigesta no item que perguntou ao eleitor em quem votaria se as eleições do ano passado fossem hoje: 42% a 36% em favor de Haddad.

O jornalista e colaborador do site brasileiro do jornal El País @florestanjr avançou na interpretação: “O fato de Haddad vencer hoje o capitão num segundo turno acendeu a luz amarela. A mídia corporativa, além de se livrar de Bolsonaro, terá que aumentar a rejeição da centro-esquerda. Pesquisas internas dos partidos indicam que os progressistas estão em alta para as eleições de 2020.”

A confusão causada pela pesquisa nas bolhas do Twitter foi tamanha que uma mesma hashtag #BolsonaroImbativel, com 43,8 mil tuítes naquele mesmo horário, abrigava comentários contra e a favor do presidente.

Para o deputado federal pelo PT-SP @NiltoTatto “Jair Bolsonaro ostenta a primeira posição entre os presidentes com pior avaliação nos 8 primeiros meses de governo. Quando o assunto é fazer ou falar (merda), o capitão é imbatível! #BolsonaroImbativel FHC (1995): 15%; Lula (2003): 10%; Dilma (2011): 11%; Bolsonaro (2019): 38%.

Na visão do gestor de finanças e influenciador do Twitter @Ro_Moller “Não sei dizer se é falta de capacidade ou má fé que faz institutos como Datafolha errarem tanto, a eleição nos provou isto, não adianta ficar soltando pesquisa toda semana falando isso ou aquilo, neste momento o presidente tem o apoio do povo. Isso é Fato! #BolsonaroImbativel”

A jornalista e também influenciadora @cynaramenezes divertiu-se com a hashtag: “alucinação coletiva: o datafolha mostra que a reprovação a bolsonaro sobe cada vez mais, que só 15% acham que ele tem compostura no exercício do cargo, que perderia para haddad se a eleição fosse hoje, e os robolsominions levantam a tag #BolsonaroImbativel”

O assessor da Presidência da República e irmão do ministro da Educação Abraham Weintraub reagiu com fúria: @ArthurWeint “Vem essa esquerdalha falar que o PR Bolsonaro não tem nível, que não respeita a liturgia do cargo. Entregaram o País em guerra e ficam agora pagando de moralistas. Liturgia do cargo é o caramba! E ainda vem um datafrias jogar cereja nesse bolo. #BolsonaroImbativel”

O cientista político e professor da UFRJ resumiu, em um post de 253 caracteres, os principais pontos da pesquisa: @msantoro1978 “Quem mais rejeita governo, em %: Ateus 76; Moradores do Nordeste 52; Negros 51; Desempregados 48; Renda > que 10SM 46; Mulheres 43. Quem mais aprova: Empresários 48; Neopentecostais 46; Renda de 5 a 10SM 39; Moradores do Sul/Centro-Oeste 37; Brancos 36; Homens 33”

O dado talvez mais preocupante para o governo, porém, foi destacado do conjunto pelo colunista da Veja: @BlogdoNoblat “Datafolha: A perda de apoio de Bolsonaro também foi acentuada entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 salários mínimos. Neste segmento, a aprovação ao presidente caiu de 52% em julho para 37% agora. (Folha)”

Lugar de mulher é na cama 
A filha do apresentador Silvio Santos foi o segundo assunto de maior repercussão no Twitter brasileiro na tarde de ontem: nada menos que 52,1 mil tuítes fizeram menção a Patrícia Abravanel por uma frase dita por ela no “Programa Silvio Santos” de domingo (1). Lívia Andrade, a colega que a rebateu ao vivo, ganhou outras 10,6 mil menções.

A telespectadora @beafioroni foi uma das que criticou a herdeira do SBT, reproduzindo um trecho do vídeo: “lívia andrade acabando com o discurso machista da patrícia abravanel de que toda mulher tem o dever de transar com o marido pra não ser traída. extremamente lendária.”

Filhos fora disso 
A maior parte das 21,1 mil menções ao nome do jornalista Glenn Greenwald no Twitter na manhã de segunda (1) pouco tinham a ver com as revelações do caso Vaza Jato feitas pelo site The Intercept Brasil. Mas com um comentário emitido no programa “Os Pingos nos Is”, da Rádio Jovem Pan, pelo jornalista Augusto Nunes – cujo nome acumulou outras 9.026 menções, quase todas críticas.

Diante das intensas atividades profissionais de Greenwald e seu marido, o deputado David Miranda (PSOL-RJ), Nunes questionou “quem é que cuida das crianças que eles adotaram? Isso aí o Juizado de Menores devia investigar”.

@ggreenwald reagiu no domingo (1): “Fiz jornalismo em dezenas de países no mundo democrático. Um limite absoluto, até em combate político, é não usar os filhos menores como alvo. A única exceção que conheço é o movimento Bolsonaro e esse lixo do JP e @Veja: se 2 pais trabalham, o Estado deve investigar seus filhos?”

Segunda-feira (2), @augustonunes foi ao Twitter se explicar: “Glenn me acusou de alvejar seus filhos. Fake news. Apenas constatei que ele lida em tempo integral com mensagens roubadas, o maridão só pensa no caso da rachadinha em que se meteu e nenhum tem tempo para cuidar dos filhos. Pare de mentir, Glenn. É outro mau exemplo para as crianças.”

No mesmo dia, o editor do site Catraca Livre foi incisivo ao criticar Nunes: @GDimenstein “Triste ver um jornalista jogar sua carreira no lixo.”

Atentado em SP 
O ataque ao restaurante de refugiados palestinos Al Janiah repercutiu no Twitter. O escritor e articulista do jornal Gazeta do Povo usou a rede para se dirigir diretamente ao governador João Dória: @mvitorodrigues “A multicultural São Paulo não aceita e também o Brasil não pode tolerar um sinal tão claro de atraso civilizatório. É caso de polícia, governador @jdoriajr. E de redirecionar um discurso bom para o palanque, mas que flerta perigosamente com a intolerância.”

Indireta do Twitter 
Em forma de verso, o adeus do ex-governador Márcio França ao também ex-governador Alberto Goldman, morto domingo (1), chegou cheio de mensagens ao atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes:

@marciofrancagov “Vai Alberto,/ De pijama, de shorts ou de terno/ Mas sempre com dignidade.../ Não traiu seus ideais/ Seus aliados ou rivais/ Já digitei seu número e sei que você digitou o meu.../ Sei que o que eu acredito, mais que um fake ou mito,/ Esteve próximo do pensamento que também era seu.”

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