Joanna Moura

É publicitária, escritora e produtora de conteúdo. Autora de "E Se Eu Parasse de Comprar? O Ano Que Fiquei Fora da Moda". Escreve sobre moda, consumo consciente e maternidade

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Descrição de chapéu Todas

O sumiço da princesa

Me aflige ver a saúde de uma mulher, independentemente de quem ela seja, servir de conteúdo e entretenimento

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A princesa Kate sumiu e no Reino Unido (e em boa parte do mundo) não se fala de outra coisa. Sim, em meio a duas guerras ainda em curso aqui mesmo na Europa e suas vizinhanças, a pergunta que ecoa nas primeiras páginas dos jornais e nos quatro cantos das redes sociais é apenas uma: o que se passa com Kate?

A última aparição pública oficial de Kate aconteceu no dia 25 de dezembro de 2023, quando a princesa foi vista na missa no dia de Natal junto com outros membros da família real. Em 17 de janeiro, o Palácio de Kensington veio a público comunicar que Kate teria sido internada para uma cirurgia abdominal. O motivo da cirurgia não foi divulgado, mas o comunicado antecipava que o período de recuperação da princesa de Gales seria longo e que ela provavelmente só voltaria a ser vista em público depois da Páscoa.

Em foto colorida, mulher de vestido azul acena para fotógrafos
Kate Middleton - Reprodução/Instagram

Mais de um mês se passou desde que Kate recebeu alta, depois de quase duas semanas internada, e seguiu para casa para continuar sua recuperação. Na ocasião, um novo anúncio foi feito, assegurando o público de que a princesa estava se recuperando bem. Tudo parecia estar indo conforme o roteiro.

Mas a proporção que a história tomaria nas semanas seguintes estava longe do que qualquer um poderia esperar. Enquanto Kate permanecia reclusa em sua residência, um turbilhão de teorias conspiratórias começaram a tomar conta da internet: de doenças graves com tratamentos agressivos, passando por escândalos amorosos, traições envolvendo pessoas próximas e até uma possível cortina de fumaça para distrair o público do estado de saúde do rei Charles, cujo diagnóstico de câncer foi divulgado no mesmo dia em que a cirurgia de Kate se tornou pública.

A tática de divulgar uma foto photoshopada de Kate no dia em que é comemorado o Dia das Mães aqui no Reino Unido também contribuiu para colocar lenha na fogueira do que já ficou conhecido por aqui como "Kategate".

Parte do interesse do público pelo sumiço vem justamente do fato de, até o fim do ano passado, Kate figurar entre os membros mais ativos da família real, comparecendo semanalmente a eventos de todos os tipos. É que, num tempo em que a realeza não tem mais a função de governar o país, é exatamente isso que se espera deles: que apareçam.

Eu adoro uma novela e, apesar de não ver qualquer relevância na existência de uma família real, confesso que já quis ser uma mosquinha para saber o que se passa por trás dos portões dos palácios da realeza. Mas a verdade é que essa história me fez pensar em como nem princesa hoje em dia pode tirar uns dias de folga.

Lembro do tempo que me levou para conseguir andar de novo depois da minha cesária e de como, nessas semanas de recuperação, eu não queria nem me olhar no espelho, que dirá olhar para a cara de alguém. Foto nem pensar! Só se fosse photoshopada mesmo.

Ah, mas ela sabia onde estava se metendo quando decidiu entrar para aquela família. Fato. Eu no lugar dela teria preferido fugir para as montanhas antes de amarrar meu burro naquele príncipe. Mesmo assim, me aflige ver o estado de saúde (ou estado emocional, não sabemos) de uma mulher —independentemente de quem ela seja— servir de conteúdo e entretenimento.

Em meio a todo o mistério, espero que Kate esteja apenas fazendo o que todas nós deveríamos ter o direito de fazer: delimitar os nossos limites e nos dar o tempo que precisamos para curar nossas feridas, sejam elas quais forem.

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