José Manuel Diogo

Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

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Em eleição tão disputada no Brasil, quanto podem pesar os votos 'portugueses'?

Em oito anos, número de eleitores no exílio duplicou; Lisboa é o maior colégio

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Em 2018, apenas há quatro anos, Lisboa era o 7º maior colégio eleitoral brasileiro no exterior. Hoje é o maior. Este texto, uma anatomia breve da atual diáspora em Portugal, é elaborado a partir de uma das medidas mais relevantes que definem integração e pertença: a participação democrática.

Para entender melhor, vejamos o cenário macro. O número total de eleitores brasileiros fora do país chega a quase 700 mil (697.078), espalhados por 181 cidades de todo o mundo —o maior número da história.

Só 30 municípios brasileiros têm mais votantes que o conjunto da diáspora e, entre eles, apenas Guarulhos e Campinas não são capitais estaduais. Em oito anos, desde a reeleição de Dilma Rousseff, o número de eleitores no exílio exatamente duplicou. Hoje, se todos os imigrantes brasileiros se juntassem em uma cidade, esta seria maior que Campo Grande, Maceió, Natal, João Pessoa, Teresina ou... Lisboa.

Pedestres na praça do Rossio, no centro de Lisboa - Patricia de Melo Moreira - 29.abr.22/AFP

Aterrissando em Portugal ficamos sabendo que, pelos cálculos do Tribunal Superior Eleitoral, mais de 80 mil eleitores estão aptos a apertar o botão das urnas eletrônicas que, a partir da hora do "pequeno-almoço" —como os portugueses chamam ao café da manhã— esperam pelo voto de quem vive no país de Camões.

Essa nova realidade lusa até poderia tratar-se como fato longínquo, abstrato e romântico, mas hoje ela tem relevância substantiva. O número de inscritos para votar em Portugal é também o maior de sempre. Vivem lá mais eleitores do que 80% dos municípios do país.

Outra novidade é a dispersão geográfica. Eles se espalham agora por todo o país. Podem ser apenas três municípios eleitorais, mas chegam a dez os locais de votação. O maior é Lisboa. Seus 45.273 registrados —o maior município "eleitoral" no exterior— votam com oito zonas espalhadas por outras tantas cidades.

Em Lisboa, na Faculdade de Direito (36.966); em Setúbal (5.037), na margem esquerda do Tejo, à distância de uma ponte do Centro Cultural de Belém e do Chiado. No centro de Portugal, a menos de uma hora de distância da capital, votam em Leiria (1.565) —uma comunidade que não para de crescer— e em Santarém (863), na região agrícola da lezíria ribatejana.

Mas também há eleitores no interior despovoado, perto da fronteira com a Espanha, nas envelhecidas cidades de Castelo Branco (518), capital da Beira Baixa, e em Portalegre (123), no Alto Alentejo; e ainda nas cidades insulares, Funchal (56), na ilha da Madeira, e em Ponta Delgada (145), na ilha açoriana de São Miguel.

A norte, a invicta cidade do Porto acolhe hoje 30.098 eleitores —15 mil mais que há quatro anos— e em Faro, capital do Algarve, acreditam-se 5.525.

Domingo, 2 de outubro de 2022. Os números lusos são impressionantes. Em relação a 2018, o total de votantes brasileiros aumentou 113% em Lisboa, 110% no Porto e 52% em Faro. Duzentos anos depois da Independência, e em uma eleição tão disputada como esta, quão decisivos podem mesmo ser os 80.866 votos "portugueses"?

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