Que jogo, rara leitora, raro leitor! O primeiro tempo mostrou o Santos mais perigoso em todas as ocasiões em que conseguiu se desvencilhar da forte marcação são-paulina.
Por isso saiu na frente, com gol de Sasha.
Só que o segundo tempo foi todo tricolor, como se inoculado pelo espírito de Daniel Alves, na tribuna, além de Tite e Juanfran.
Sufocou o rival sem parar, mesmo quando já vencia por 3 a 1, fruto de um gol de Reinaldo e dois de Alexandre Pato, o último deles com uma raça que raramente ele mostra.
Alexandre Pato? Você sabe, nunca critiquei.
O melhor de tudo foi ver que dois times brasileiros podem jogar com a busca do gol e a velocidade que nos acostumamos a ver na Europa.
Ora, o gramado do Morumbi permite e quando o líder Santos joga a promessa de espetáculo é cumprida.
E atenção: são inteiramente dispensáveis os eventuais comentários xenófobos dos que imaginarem na derrota de Jorge Sampaoli qualquer conclusão contrária ao belíssimo trabalho do treinador argentino.
Sem diminuir a coragem de Cuca por ter começado o San-São com Hernanes no banco. Não houve Dalila capaz de cortar a emoção do clássico.
Brasil no Pan
Os Jogos Pan-Americanos acabam neste domingo (11), com o Brasil em segundo lugar, posição que não alcançou nem quando os Jogos foram no Rio, em 2007 —ficou em terceiro, atrás dos americanos, tudo bem, mas de Cuba, uma vergonha.
Situações que se repetiram, tal e qual em 2011, e em 2015 com o Canadá em segundo.
Cuba tem menos de 12 milhões de habitantes e o Canadá pouco mais de 37. O Brasil, quase 210 milhões.
Há por que festejar, pois faz 56 anos, desde o Pan em São Paulo, que o Brasil não é vice, embora seja necessário dizer certas verdades desagradáveis.
A primeira é que se nem o Brasil manda o que tem de melhor para o Pan, imagine os EUA.
A segunda está na constatação de que, por isso, o Pan não serve como parâmetro.
Basta ver as colocações brasileiras na Olimpíada, sempre nos anos seguintes aos Pans.
Em 2008 ficamos em 23º lugar, atrás dos EUA (2º), Jamaica (13º) e Canadá (19º).
Em 2012, subimos uma posição, atrás dos EUA (1º), Cuba (16º) e Jamaica (18º).
E em 2016, no Brasil, em 13º, melhor posição de todos os tempos, atrás apenas dos EUA (1º) entre os países do continente americano, apesar de o COB, com a leviandade dos tempos do indiciado Nuzman, prometer ficar entre os dez primeiros.
E não há motivo para exigir mais, dada a falta histórica de uma Política Esportiva para o país, antes de mais nada, para dar saúde à população brasileira.
Nunca antes neste país, governo algum olhou como deveria para a democratização do acesso à prática esportiva no Brasil.
E o que já era ruim ficou pior agora.
Se houve o erro crasso de fazer uma Olimpíada no Rio, com dias realmente inesquecíveis, porém a custos impensáveis e corrupção desenfreada, depois dela o que se vê não é a nação olímpica prevista por seus organizadores, mas apenas a terra arrasada de uma vila abandonada e de atletas outra vez órfãos.
Festejemos o segundo lugar dentro dos limites do razoável e lembremos que os EUA têm mais ou menos a mesma idade que o Brasil.
Não imaginemos, nem muito menos cobremos, que na Olimpíada do ano que vem fiquemos entre os 20 primeiros.
Se ficarmos será uma façanha para honrar, e ampliar, a frase de Euclides da Cunha sobre o sertanejo.
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