Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

À falta de coisa melhor, resta viver o Campeonato Paulista

Mostrar o anacronismo do torneio é inútil e também desperta a antipatia de muita gente

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No 16º ano seguido da coluna nesta Folha desde 2005, além do período de 1995 a 1999, a rara leitora e o raro leitor não lerão a 20ª crítica em aberturas do Campeonato Paulista, aqui tratado como Paulistinha.

Porque aos quase 50 anos de profissão, e 70 de vida, a serem completados em março, o colunista chegou à conclusão de que mostrar o anacronismo do torneio é inútil, além de despertar a antipatia de muita gente, principalmente no interior, embora as torcidas interioranas deixem seus estádios às moscas.

Basta dizer que o Palmeiras foi a Itu, com suas estrelas, e apenas 8.000 torcedores compareceram ao estádio —onde cabem 19 mil pessoas.

Onze mil não foram ver a exibição alviverde no segundo tempo, quando se construiu a goleada por 4 a 0 imposta pelo time de Vanderlei Luxemburgo.

Verdade que, na mesma quarta-feira (22), 18,5 mil tricolores foram ao Morumbi (com capacidade para 68 mil), curtir ao menos o primeiro tempo do São Paulo, o bastante para superar o frágil Água Santa por 2 a 0.

Convenha que os são-paulinos deixarem tanto espaço desocupado não causa estranheza, mas, e os ituanos?!

Uns sabem que têm a temporada inteira para prestigiar seu time, principalmente se fizer por merecer. Já os moradores de Itu e região não fazem a menor ideia de quando poderão voltar a ver o Palmeiras de perto.

Não importa. Reclamar para quê? Para ser chamado de elitista porque preocupado em preservar os grandes? Ora, mas não são os grandes os representantes da maioria esmagadora da massa torcedora? Que elitismo é esse?

Importa mesmo dizer que neste domingo (26) tem clássico, o Choque-Rei, Palmeiras x São Paulo, em Araraquara, na Fonte Luminosa, para 25 mil pessoas, tomara, lotada, embora restrita à burra torcida única, mas em região povoada por palmeirenses, os mandantes.

Se juntarmos o primeiro tempo do tricolor com o segundo do alviverde, poderemos ter belo embate.

Tomara mais animado que Santos x RB Bragantino, na Vila Belmiro, com 12 mil torcedores, 75% da capacidade do estádio praiano.

Como primeiro jogo oficial do ano tanto do vice-campeão brasileiro quanto do campeão da Série B foi, no máximo, compreensível.

​Jesualdo Ferreira ainda não pôde contar com o venezuelano Soteldo, no pré-olímpico da Colômbia, mas mostrou que não abre mão de atacar, mesmo mais cuidadoso que Jorge Sampaoli na defesa. E o Braga, está na cara, dará trabalho. Mas ambos pareceram estar com o freio de mão puxado no sonolento 0 a 0 disputado na quinta-feira (23).

Restou a estreia do Corinthians, em Itaquera, como quase sempre com mais gente que os rivais, 24 mil fiéis.

Sem dúvida, o alvinegro debutou melhor que os rivais.

Menos pelos 4 a 1 sobre o Botinha, mais pelo ensaio de jogo coletivo e em busca do gol, mesmo que facilitado pelo adversário ter ficado com dez jogadores quando aconteceu o 2 a 0.

Além do jogo vertical imposto por Tiago Nunes e intensa troca de passes, não só Boselli fez três gols como Ramiro renasce, o menino Lucas Piton é bom, Camacho reapareceu em Itaquera muito bem e o time não contou nem com Victor Cantillo, nem com Pedrinho, titulares indiscutíveis. Para não dizer que Luan ainda está discreto.

Pronto!

Viu como é possível olhar para a metade cheia do copo?

Só não entenda que me curvei aos estaduais.

Apenas a mão sangra na ponta da faca.

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