Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Seleção Brasileira

A crise existencial da seleção

O que fazer para reaproximar o time canarinho do distante torcedor brasileiro?

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Abundam as sugestões, com o perdão da má palavra.

Desde a de não mais usar a camisa amarela até a de só convocar jogadores que atuem no país.

Contra-argumentos também são abundantes, e, como sabem os que ainda aprenderam latim na escola, quod abundat non nocet, o que abunda não prejudica.

Desistir da camisa canarinha seria admitir a derrota para quem a usou para disseminar o ódio.

Abdicar dos jogadores em atividade fora do Brasil seria abrir mão dos pés mais talentosos nascidos em berço esplêndido.

O que fazer?, perguntaria o senhor Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido por Lênin.

A seleção brasileira que enfrentou Marrocos na semana passada - Juan Medina - 25.mar.23/Reuters

Vestir azul é antiga proposta do jornalista João Carlos Assumpção, repórter que abrilhantou as páginas desta Folha e do extinto diário Lance!, trabalhou também no SporTV e cobriu seis Copas do Mundo, além de ser coautor de dois belos livros sobre a seleção brasileira.

Carlos Maranhão, ex-diretor das revistas Placar e Veja São Paulo, dez Copas do Mundo, autor das obrigatórias biografias do escritor Marcos Rey e do editor Roberto Civita, é o mais novo defensor da ideia também antiga de convocar apenas os que atuam por aqui, meio, ele defende, de reatar os vínculos do torcedor com o time da CBF.

"Bobagem a preocupação com novo técnico. Nem Guardiola fará grande diferença se os convocados forem os de sempre. As próximas Eliminatórias serão só para cumprir tabela, e não há risco para a seleção. Melhor será formar um time só com quem joga em nossos clubes, reavivar as discussões sobre os motivos de chamar o centroavante do Palmeiras e deixar fora o do Corinthians, botar para jogar jovens como Vitor Roque, do Athletico Paranaense [nota do colunista: o time dele, mas não é por isso]. Quando a Copa de 2026 chegar, se tiver algum brasileiro realmente fazendo diferença na Europa, põe na lista", argumenta o experiente jornalista, dono de um dos textos mais refinados de nossa imprensa.

"Fernando Diniz seria capaz disso", argumenta, embora enfatize ser o treinador menos importante no momento do que a coragem de rever conceitos, mudar a postura que há cinco Copas dá com os burros n’água.

Que as Eliminatórias para o torneio de 26 nos Estados Unidos, México e Canadá serão para constar é óbvio, porque de dez seleções ao menos seis terão vaga no monstrengo de 48 equipes.

Se é razão suficiente para disputá-las exclusivamente por quem mora no Patropi, é tema para polemizar e provocar a CBF.

A rara leitora e o raro leitor hão de querer saber o que pensa o pobre colunista sobre temas tão candentes.

Ele gosta mais da camisa azul do que da outra, teve engulhos quando viu até ladrão de merenda escolar, histérico com a camisa amarela, gritando contra corrupção, mas não dá aos larápios o direito de nos roubar nossas cores.

E gostaria de ver a experiência de jogar um time que teria de prestar contas onde vive, sem ter o subterfúgio de nem voltar para cá ou pegar o avião, jatinho particular em regra, e se mandar para além-mar depois de fazer lambanças em gramados que há anos desconhece.

Maranhão, o Carlos, lembra que entre todos os tricampeões mundiais, os de 1958, 1962 e 1970, não havia nenhum jogador que atuava no estrangeiro.

Os tempos mudaram, ele sabe, mas quem sabe?

Em tempo: por falar em Maranhão, que show deu Flávio Dino na Comissão de Justiça! O humor é a melhor arma.

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