Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Mundo feminina

A batalha pelo Ministério do Esporte

Golpes baixos, abaixo da cintura, bolas fora, caneladas, jogo sujo não falta

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A política brasileira é capaz de produzir fatos de difícil compreensão para os não iniciados.

Por que há tanta cobiça em torno do Ministério do Esporte, até hoje primo pobre na Esplanada, a ponto de nem bem decorridos sete meses da boa gestão de Ana Moser ter tanta gente interessado nele?

Ana Moser (à dir), ao lado do presidente Lula na solenidade de sanção da lei que obriga a equiparação de salários entre homens e mulheres
Ana Moser (à dir), ao lado do presidente Lula na solenidade de sanção da lei que obriga a equiparação de salários entre homens e mulheres - Pedro Ladeira - 3.jul.23/Folhapress


Sempre houve um motivo: sua capilaridade para atender objetivos eleitorais como a construção de quadras pelos 5.568 municípios do país. Agora há outro, os 3% do arrecadado em impostos das casas de apostas, enfim regulamentadas.

O que explica a estranha oposição do deputado Felipe Carreras (PSB-PE) a maior rigor na distribuição dos recursos públicos às entidades esportivas, por sinal, relator da CPI da jogatina e dono de empresa patrocinada pela banca, como revelou o repórter José Marques, nesta Folha.

Inexplicável mesmo é a informação publicada na coluna de Lauro Jardim, em O Globo: a CBF quer o PCdoB no Ministério do Esporte.

Convenhamos: nem o condenado Agnelo Queiroz por improbidade administrativa, nem Orlando Silva e nem Aldo Rebelo, o que tinha o traseiro chutado pelo secretário da Fifa, todos então da agremiação chamada de comunista, deixaram boas recordações quando dirigiram, em sequência, o ministério.

Além do mais, o secretário-geral da CBF, Alcino Rocha, executivo experiente e ligado ao PCdoB, há de saber que qualquer reforma ministerial não contemplará a base histórica do governo federal, ao contrário. Apostará o partido numa aliança com o Centrão?

Ana Moser tem contra si o fato de não ser filiada a partido algum, embora tenha a favor o amplo apoio entre os atletas brasileiros e o compromisso público do presidente Lula, que a quer muito bem, de que "o esporte não será usado como moeda de troca".

Às vésperas das campanhas eleitorais de 2024, o que querem é distribuir verbas para fazer o usual, sem preocupação com verdadeira Política para o esporte como está em curso —com olhos voltados para a saúde e para educação, além de contemplar o esporte de alto rendimento, especialmente em relação às mulheres, origem, enfim, da carreira da ministra, campeoníssima do voleibol.

Como ainda não tem dinheiro, o pouco que possui não poderia mesmo ser empregado para propagandear o que tem feito, do que se aproveitam os oportunistas para sabotar a ministra.

Goleiraças

A Copa do Mundo na Oceania, além de causar transtornos de sono e transformar quem gosta do futebol de mulheres em zumbis, derrubou a derradeira crítica fundamentada em relação ao desempenho delas: o que tem de goleira boa pelo mundo afora é uma grandeza.


A sueca Zecira Musovic, por exemplo, eliminou as favoritas estadunidenses ainda nas oitavas de final, ao fazer sem-número de defesas e dois milagres, apesar de não ter pegado nenhum dos pênaltis para desempatar o 0 a 0.

A sobrinha de Tio Sam, Alyssa Naeher, ao contrário, não teve muito trabalho, mas pegou dois dos sete pênaltis batidos pelas suecas. Quer dizer, pegou mas não pegou, porque na segunda defesa a bola tomou tamanho efeito que a traiu e foi flagrada pelo VAR dentro do gol, o suficiente para botar a Suécia nas quartas e eliminar as rivais.

A goleira Alyssa Naeher, dos Estados Unidos, tenta defender a última cobrança da Suécia; gol foi determinado com a ajuda do VAR
A goleira Alyssa Naeher, dos Estados Unidos, tenta defender a última cobrança da Suécia; gol foi determinado com a ajuda do VAR - William West/AFP

As goleiras estão como os goleiros: fecham o gol e padecem da maldição da função, onde pisam a grama não nasce, como se dizia antes dos gramados bem plantados ou artificiais.

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