Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Mundo feminina

Agora foi a vez de as mulheres frustrarem as expectativas dos torcedores do país

Cada vez mais o Planeta Bola olha para a camisa amarela, ou azul, e a vê apenas como mais uma

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ninguém exigia que a seleção brasileira voltasse campeã mundial da Oceania.

Como ninguém imaginava a eliminação ainda na fase de grupos.

Perder para a França até estava no horizonte, mas empatar com a Jamaica era impensável.

A eliminação precoce faz pensar e exige reformulação.

Há tempos já se constatava o pragmatismo exagerado na forma de jogar do time ao abdicar do jeito brasileiro de ser.

Adriana chora após eliminação do Brasil na fase de grupos da Copa do Mundo - Ding Xu/Xinhua

Por mais que o discurso de Pia Sundhage fosse o de exaltar o futebol bonito, a prática a desmentia.

O 0 a 0 com a Jamaica, país de menos de 3 milhões de habitantes, valeu como soco no estômago tão forte como o 1 a 1 com a Croácia.

A incapacidade das jogadoras em driblar as dificuldades impostas pela retranca caribenha, a ansiedade desde o primeiro minuto do jogo, os erros de passes e finalizações, ficaram muito além do que se vê nos jogos do Campeonato Brasileiro —embora perder gols venha se tornando uma constante também entre os homens, o que pode ser atribuído ao calendário massacrante que impede o treinamento dos fundamentos básicos do jogo.

Chega a ser ironia constatar que em Copas outras nas quais o respaldo da CBF era quase só para constar houve desempenhos muito melhores.

É evidente que todos evoluíram, que houve surpresas nos embates entre seleções menos cotadas contra favoritas, mas, convenhamos, as brasileiras exageraram, passaram dos limites de maneira exasperante e produziram, além de tristeza, funda decepção.

A Rainha Marta merecia despedida à altura de sua grandeza e, em vez disso, a vimos como leoa ferida, impotente e aprisionada em esquema tático incompatível com a criatividade.

Há momentos que exigem coragem até para mandar às favas rigores incompatíveis com nossas origens e para desrespeitar ordens absurdas.

Cada vez mais o Planeta Bola olha para a camisa amarela, ou azul, e a vê apenas como mais uma. Não como a que tem cinco estrelas, atualmente meros adereços ou, no máximo, hieróglifos a lembrar de um tempo perdido nas brumas de passado longínquo e irrecuperável. Vamos mal.

O DE SEMPRE

O Ministério do Esporte passou a ser objeto de desejo dos políticos que agora somam à capilaridade do órgão o dinheiro que passará a receber dos impostos sobre as casas de apostas.

Não bastasse, o submundo da cartolagem se insurge contra medida que visa garantir o bom uso dos recursos públicos destinados às entidades esportivas.

Acostumados a viver em terra de ninguém, os cartolas não aprenderam com as lições dadas por todos aqueles banidos do esporte e complicados com a Justiça. E sabotam os esforços fiscalizadores que visam fazer os recursos chegarem aos atletas.

Ao alegar intromissão governamental, inventam ameaças como se o Brasil fosse ser excluído de competições internacionais, argumento tão velho como o perigo comunista.

Recalcitrantes, repelem o rigor na fiscalização e o voto dos atletas, porque comitês, como o dos clubes sociais, vivem de cobrar taxas de seus associados para que estes possam, adiante, se beneficiar do dinheiro público que o CBC distribui —e que acabam empregados, no mais das vezes, em melhorias para os sócios, não para atletas.

A ministra Ana Moser é o alvo da vez.

Por ser mulher, por não ter filiação partidária e por ser obstinada em pensar e fazer do esporte meio de integração social.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.