Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri

Os bobos somos nós?

Entre homens e mulheres, são tantos os fracassos que a pergunta passa a caber

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A semana teve a eliminação na Copa do Mundo feminina, e os homens também não foram lá muito bem.

Houve quem dissesse, depois do 6 a 0 da Alemanha sobre Marrocos, que ao menos entre elas ainda havia bobas no futebol.

Terminada a fase de grupos, as marroquinas estavam classificadas, e as alemãs, no avião de volta para Berlim e adjacências.

Se bobas há, são as germânicas, ou as nossas brasileiras, que perderam a vaga para as jamaicanas.
Sobre o futebol de Marrocos resta lembrar que os homens ficaram em quarto lugar no Qatar —e o Brasil, em sétimo.

Jamaicanas celebraram; brasileiras voltaram para casa - Asanka B. Ratnayake - 2.ago.23/Reuters

Entre os marmanjos, tais figuras, as de bobos, de fato, são cada vez mais raras ou andam trocando de lugar.

Vejamos, por repetitivo que seja, o desempenho dos times brasileiros nesses dias.

Nos confrontos internacionais, seja pela Libertadores, seja pela Sul-Americana, só o Fortaleza venceu fora de casa, ao derrotar o Libertad paraguaio por 1 a 0.

De resto, na Sula, o São Paulo perdeu para o San Lorenzo na Argentina (1 a 0), e o Goiás foi praticamente eliminado também lá pelo Estudiantes (3 a 0); o Botafogo e o Corinthians ganharam em casa, mas só por um gol de diferença, contra o paraguaio Guaraní (2 a 1) e o argentino Newell’s Old Boys (2 a 1), respectivamente.

No embate brasileiro, entre América e Bragantino, deu empate (1 a 1).

Convenhamos que a hipótese de apenas um brasileiro chegar às quartas de final existe, coisa preocupante.

Na Libertadores, quem ganhou jogou em casa: Flamengo 1 a 0 no paraguaio Olimpia.

O Palmeiras também venceu fora de casa, mas contra o desvalido Atlético Mineiro (1 a 0), vítima dos 4Rs que viraram quatro erros —os empresários que endividaram o clube para comprá-lo como credores da dívida.

Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador foram espertos.

O Fluminense, em Buenos Aires, só empatou com o Argentinos Juniors (1 a 1) e graças a gol feito sobre goleiro improvisado e com mão de alface, um jogador de linha, porque o especialista estava expulso de campo. Jogo que entra para os livros como palco de um dos mais chocantes casos de fratura jamais visto, o do lateral Luciano Sánchez, em lance acidental com o traumatizado Marcelo.

O Athletico Paranaense levou uma traulitada do Bolívar, em La Paz, por 3 a 1, e terá de fazer atuação exemplar para sobreviver.

E o Inter levou virada do River Plate, no Monumental de Núñez, por 2 a 1.

Resumo da ópera no principal torneio continental: de 12 pontos só quatro foram brasileiros contra estrangeiros.

Se serve para botar o chapéu de bobo em nossas equipes, é cedo para afirmar, porque Flamengo e Palmeiras, em ordem alfabética, continuam como favoritos a decidir o título novamente. Mas…

Ganhar a Libertadores nunca foi fácil, e a evolução global no futebol projeta que a cada edição será mais difícil, mesmo com a diferença brutal entre o investimento feito por nossos clubes e o pelos hermanos, assim como é incomparável o respaldo dado à seleção feminina ao dado à Jamaica.

O futebol brasileiro parou no tempo e no espaço ao acreditar que o talento dos jogadores bastaria. Não basta.

Nem trazer o italiano Carlo Ancelotti, que, viva!, fala espanhol e poderá fazer a transição para o português com facilidade.

Porque o sueco e o inglês de Pia Sundhage a impediram da falar a língua e entender a cultura do futebol do Patropi.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.