Juliano Spyer

Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros

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Juliano Spyer

No princípio era a palavra

Se o PT quer conversar com evangélicos comuns, estes são assuntos que chamarão a atenção desse público

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Um amigo que também é evangélico e jornalista sugeriu que eu apresentasse aqui "10 pontes de diálogo entre o governo Lula e o público evangélico". Consultei interlocutores, entre acadêmicos, evangélicos e evangélicos acadêmicos, à esquerda e à direita, e o resultado está a seguir: são temas que podem promover conversas e aproximar o governo de evangélicos comuns e de suas lideranças.

Atendimento a populações vulneráveis - Existem quatro categorias no Antigo Testamento chamadas de "as grandes quatro", que são: o órfão, a viúva, o estrangeiro e o pobre. Todos os profetas falam sobre garantir que eles sejam ajudados pela fé cristã. Esse foco de atuação promove a construção de uma sociedade mais justa do ponto de vista cristão. (pastor Marcos Botelho)

Lula em encontro com evangélicos, em São Paulo - Marlene Bergamo - 19.out.2022/Folhapress

Para quem é "evangélico raiz", seguidor de Jesus, uma das pautas mais importantes neste momento é da pacificação do país. Jesus fala: "bem-aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus". (Analzira Nascimento, teóloga e missionária)

Apoio à rede assistencial das igrejas - As igrejas evangélicas (das mais tradicionais às mais folclóricas) representam um estado de bem-estar informal para milhões de brasileiros que foram abandonados pelo poder público há séculos. Os efeitos disso poderiam ser potencializados se as igrejas tivessem apoio e parcerias —seja suporte material e até formação de lideranças. Seria uma forma de valorizar algo que as igrejas já fazem e, ao mesmo tempo, investir na qualidade daquilo —desde que, claro, seja respeitada a separação das esferas de poder entre igreja e Estado. (Ricardo Alexandre, jornalista)

As igrejas têm isenção de IPTU e a sociedade tem carência de creche. Será que é possível que as igrejas sirvam como creches durante os períodos em que seu espaço fica ocioso? (pastor Sérgio Dusilek)

Atendimento a dependentes químicos - O uso abusivo de álcool e drogas está aumentando. Por isso, é oportuno ampliar o diálogo entre o Caps (Centros de Ação Psicossocial), oferecidos pelo Estado, e as comunidades terapêuticas criadas a partir de igrejas, para atender famílias —principalmente pobres— que precisam de serviço no campo da saúde mental. (Kaká Menezes, teólogo e ativista)

Igrejas e o pagamento de impostos - A liberdade religiosa é uma questão consolidada no Brasil, mas existem outros caminhos que são laterais para prejudicar a liberdade de crença e o livre exercício de culto. Um desses é o exercício de impostos sobre instituição de terceiro setor de forma indevida. Como evitar esse tipo de atitude? (pastor Yago Martins)

Relação da educação pública com a família - O grande nó no debate entre PT e evangélicos é o tema da sexualidade em torno do dilema da autodeterminação cada vez mais cedo do indivíduo. Famílias evangélicas se sentem desconfortáveis com a abordagem do assunto pelas escolas, mas sabe-se que a repressão familiar também causa males a crianças e adolescentes. Como conciliar a militância de grupos LGBTQIA+ com famílias evangélicas no espaço público? (pastor Valdinei Ferreira)

Liberdade de consciência e crença - O projeto de lei (PL 122/2006) que visava criminalizar a homofobia foi travado no Senado Federal por anos porque, entre outros motivos, evangélicos temiam que se aquela lei fosse aprovada abriria possibilidade de criminalizar a opinião religiosa a respeito da homossexualidade, uma vez que a maioria dos evangélicos acredita que a prática homossexual é pecado. É um dos pontos que trava o debate dessa pauta. (Lucas Nascimento, linguista, UEFS).

Proteção da família - Muitos evangélicos querem que o governo defenda a pauta moral, mas, na verdade, eles querem que o governo defenda a família para que crianças e jovens não estejam vulneráveis ao tráfico, tenham acesso a educação, tenham condições para estudar e ter curso universitário. (Manuela Löwenthal, antropóloga, Unifesp)

O combate ao consumo de drogas nas escolas e o combate à pedofilia são pautas que os evangélicos valorizam porque têm muito a ver com a ideia de preservar a família. (Gutierres Siqueira, jornalista)

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