Katia Rubio

Professora da USP, jornalista e psicóloga, é autora de "Atletas Olímpicos Brasileiros"

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Katia Rubio

Fins e começos marcam vida de quem trabalha, estuda e pesquisa Jogos Olímpicos

Agradeço pela oportunidade de dialogar com tantas pessoas neste espaço na Folha

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Dizem os conhecedores do tema que uma Olimpíada é o período de 4 anos que separa duas edições olímpicas. Ou seja, estamos em plena 33ª Olimpíada que terminará nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.

Esse calendário de fins e começos marca a vida de todos que trabalham, estudam e pesquisam Jogos Olímpicos. Talvez por isso os fins deixaram de ser lamentosos e lacrimejantes. Sabemos que cada vez que a chama se apaga é porque aquele ciclo acabou, mas logo mais uma nova fagulha da luz que brota do sol acenderá, nas portas do templo de Hera, em Olímpia, a chama que renovará o espírito de mais uma competição.

Cerimônia de encerramentos dos Jogos de Tóquio - Jonne Roriz - 8.ago.2021/COB

Gosto muito de pensar que os ciclos existem para quebrar a linearidade previsível das coisas. Foi assim há 3 anos quando fui convidada para colaborar como colunista. Escrever nesta Folha era a oportunidade de trazer para um jornal de grande circulação temas e discussões que circulam dentro da universidade sobre o esporte e, principalmente, sobre os protagonistas do espetáculo, que são os atletas.

Produzir teoria sobre o tema não é tarefa fácil, afinal, todos, em princípio, falam e escrevem sobre esporte. Afirmo categoricamente que esporte é sério, por mais que pensem que isso é pura diversão e entretenimento, é social e é político, assim como são a Universidade, esta Folha e outras tantas atividades.

Durante anos fui fonte de pautas curiosas e disponibilizei o acervo de minhas pesquisas para matérias que envolvem a história de atletas olímpicos brasileiros. Se em algumas ocasiões eu me senti contemplada com o resultado dos trabalhos, em outras provei um gosto amargo de manipulação e distorção do conteúdo apresentado.

Durante esse curto ciclo pude eu mesma escrever sobre os fatos e as histórias que fazem parte de minha trajetória como pesquisadora. Foi um prazer imenso poder colaborar para a preservação da memória do esporte e para a discussão de temas que pouco ou nada aparecem nas matérias do dia a dia.

Nem sempre foi fácil selecionar um tópico em específico. Pesava sobre a mão que escreve a responsabilidade de usar esse espaço para dar visibilidade a temas e pessoas pouco reconhecidas ou esquecidas.

Encerro com este texto um ciclo. Não chegou a ser uma olimpíada, mas foi possível participar ativamente da construção de um projeto que envolveu não apenas meus próprios textos, como também, ao longo dos Jogos de Tóquio, de vários dos membros do Grupo de Estudos Olímpicos da USP. Porque somos assim. Estudamos esporte e trabalhamos com esporte, como time.

Agora é tempo de novos começos. Não faltam planos nem projetos.

Sou assinante do jornal há várias décadas, desde quando a editoria de Esporte era volumosa e trazia informações variadas sobre muitas modalidades esportivas. Acompanhei atentamente, e com preocupação, a redução de um espaço plural que caminhou e afirmou ainda mais a monocultura do futebol.

Agradeço pela oportunidade de dialogar com tantas pessoas que não conheço, mas que de alguma forma se sentiram tocadas pelo sentido das reflexões aqui postadas. E como cantou o poeta Renato Russo “Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar / Que tudo era pra sempre / Sem saber que o pra sempre, sempre acaba”.

Curiosamente, recebi nesta semana uma mensagem de uma estudante de psicologia, chamada Karina, na qual dizia que passou a assinar o jornal para se sentir mais perto das reflexões aqui postadas. Minha produção seguirá, por enquanto, nas revistas acadêmicas.

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