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A tendência para os pagamentos digitais na América Latina

A Covid expôs as desvantagens do dinheiro-papel e obrigou empresas e consumidores a se voltarem para alternativas

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Juan D'Antiochia

Formado em engenharia industrial pela Universidade Católica Argentina e pós-graduado em Finanças. Palestrante nos principais eventos da indústria na América Latina

Em 2020, a América Latina passou por alterações impactantes nos canais para pagamentos em meio à pandemia. As taxas comparativamente menores de penetração do comércio eletrônico, associadas a um mercado com pontos de venda dominado pelo dinheiro físico, geraram uma alteração radical disseminada pela América Latina. A Covid-19 expôs as desvantagens do dinheiro-papel e obrigou milhões de empresas e consumidores a se voltarem para as alternativas de pagamento disponíveis até então.

Os volumes de transações no comércio eletrônico dispararam na região no último ano, apesar do clima de recessão que retraiu o tamanho total da economia. Muitos latino-americanos procuraram o comércio eletrônico pela primeira vez durante a pandemia. Para se ter uma ideia, mais de dez milhões de consumidores desta região fizeram sua primeira compra digital pela necessidade imposta pela crise sanitária. E o dinheiro nos pontos de venda caiu 34,7% em decorrência da Covid; até 2019, o dinheiro era a base do comércio latino-americano, capturando a maioria dos gastos no PDV.

Pandemia levou empresas e consumidores da América Latina a procurar outras formas de pagamento que não o papel - Gabriel Cabral/Folhapress

A projeção é de que as transações do comércio eletrônico na América Latina excedam US$ 160 bilhões até 2024, com taxas de crescimento contínuas de dois dígitos nas maiores economias da região: Brasil (11,9%), México (15,8%) e Argentina (22,3%). A baixa penetração do comércio eletrônico na região sugere ainda que a América Latina oferecerá um forte potencial de crescimento ao longo da década atual.

A vantagem dos pagamentos parcelados, amplamente difundidos nesta região, mantém os cartões de crédito ainda bastante populares –ainda estão à frente nos métodos de pagamento eletrônico nos seis países latino-americanos que constam, por exemplo, no estudoThe Global Payments Report 2021, com o percentual mais baixo da região sendo de 29,1%, no México, e o mais alto, de 43,2%, no Brasil.

Já o débito cresceu 37% no último ano, passando de 11,9% (2019) para 16,3%. A elevação deste meio de pagamento é atribuída à maior quantidade de compras de pequeno valor, uma vez que os gastos diários antes realizados no ponto de venda passaram a ser feitos online. Além disso, governos e bancos também promoveram o seu uso como uma alternativa ao dinheiro físico.

Com uma série de transformações ocorrendo em diferentes segmentos, a pandemia também acelerou o crescimento das carteiras digitais em três anos, excedendo a projeção para 2023, anterior à Covid-19. Isso significa que o uso de recurso tecnológico, como softwares oferecidos ao público na forma de aplicativos, a exemplo de smartphones, computadores e outros meios digitais, para realizar pagamentos e transferências, tornou-se mais comum na atualidade.

A análise realizada pelo The Global Payments Report aponta que as carteiras digitais devem continuar com sólido crescimento, ultrapassando os cartões de crédito e se tornando o principal método de pagamento no comércio eletrônico da região até 2024, quando devem capturar 31,2% das transações.

Ainda sob o olhar do estudo, as carteiras digitais e o débito são os únicos métodos de pagamento no comércio eletrônico com projeção de crescimento até 2024. Já o cartão de crédito, os cartões de compras, as transferências bancárias, o pagamento na entrega e os serviços pós-pagos terão declínios graduais de participação nos pagamentos do comércio eletrônico.

Se por um lado houve o crescimento de meios de pagamentos alternativos decorrente da pandemia, como as carteiras digitais e transferências bancárias, o uso do dinheiro apresentou uma queda no comércio em toda a região da América Latina: 31,3% na Argentina, 24,9% no Brasil e 36,8% no México. O declínio da moeda em espécie nos pontos de venda foi absorvido por cartões, financiamento no PDV e, acima de tudo, carteiras digitais. Todas as formas de pagamento com cartão tiveram um aumento de participação nos pagamentos de PDV da região: os cartões de crédito ganharam 17% em relação a 2019, atingindo 26,1% dos gastos em 2020, enquanto os cartões de débito ganharam 37,3% em relação a 2019, chegando a 23,2%.

Tanto os cartões de compra quanto os cartões pré-pagos conquistaram uma presença maior na região. As opções de financiamento no ponto de venda atingiram um ponto confortável entre os consumidores latino-americanos nos planos parcelados, incluindo soluções de marketplace, serviços "compre agora, pague depois" e ofertas de financiamento pelos comerciantes. Uma nova categoria analisada neste ano, o financiamento no PDV capturou 3,7% dos gastos da região no ponto de venda em 2020.

Considerando o período desde o último ano até 2024, o declínio do dinheiro continuará sem recuos significativos, seja qual for a trajetória da pandemia. Sabemos que, uma vez que o consumidor desfruta de uma experiência positiva e segura, ele não retorna a métodos e canais do passado. E assim nos mostram algumas projeções, que indicam que o dinheiro físico cairá outros 36,1% em relação aos níveis de 2020, abandonando a primeira posição nos métodos de pagamento no PDV até 2024.

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