Leandro Narloch

Leandro Narloch é jornalista e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

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Os quatro cavaleiros do otimismo ambiental

Pesquisador do MIT acredita que a humanidade enfim está conseguindo prosperar sem interferir tanto na natureza

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Se o leitor quiser passar o Carnaval na companhia de um bom livro sobre meio ambiente, uma sugestão é "Mais com Menos", do economista Andrew McAfee. O livro é de 2019 mas acaba de ganhar uma edição brasileira.

Cientista do MIT (Massachusetts Institute of Technology), McAfee não compartilha do alarmismo que costuma rondar temas de sustentabilidade.

Pelo contrário, se considera um otimista ambiental. Acredita que a humanidade enfim está conseguindo prosperar sem interferir tanto na natureza.

O fato de informações conflitantes virem de instituições confiáveis cria uma confusão no público sobre os efeitos da substância
Máquina aplica herbicidas em plantação - Getty Images

Por boa parte da história, conta McAfee, as curvas do gráfico de prosperidade e impacto ambiental foram paralelas. Quanto mais conforto buscávamos, mais era preciso avançar sobre florestas, minerais, animais e fontes de água.

A Revolução Industrial, num primeiro momento, potencializou o estrago. Não só porque as máquinas nos tornaram capazes de agir sobre a biomassa com mais intensidade, mas porque a drástica redução de mortalidade fez a população humana explodir. Mais pessoas, e mais prósperas, multiplicaram o impacto.

No entanto, o mesmo avanço tecnológico hoje nos torna independentes dos recursos naturais. Causa o efeito inverso: estamos produzindo mais usando menos matéria (fenômeno conhecido por "desmaterialização").

As curvas de prosperidade e impacto deixaram de ser paralelas e agora sofrem uma dissociação, como na imagem acima. O cientista demonstra essa dissociação com diversos gráficos de redução de consumo de metais, matérias-primas para construção, energia e insumos agrícolas.

Também há exemplos bastante inspiradores. Os carros são mais leves e muito mais econômicos que décadas atrás. Uma lata de cerveja usa hoje seis vezes menos alumínio que em 1994.

A pulverização seletiva de ervas daninhas, feita com tratores equipados com câmeras e sensores, reduz em incríveis 90% o uso de herbicidas. Um smartphone reúne equipamentos que ocupariam todo um escritório duas décadas atrás.

"Nós inventamos o computador, a internet e um punhado de outras tecnologias digitais que nos levariam desmaterializar nosso consumo: com o tempo, elas nos permitiram consumir cada vez mais enquanto tiramos cada vez menos do planeta."

"Isso aconteceu porque as tecnologias digitais ofereceram cortes de gastos ao substituir átomos por bits, e a intensa pressão para baixar custos do capitalismo levou as empresas a aceitar essa oferta várias vezes."

McAfee não concorda com a crença, que vigora entre boa parte dos ambientalistas brasileiros, de que para preservar o meio ambiente seria preciso abandonar o capitalismo ou pelo menos deixar de se preocupar tanto com o crescimento da economia.

Ele considera o capitalismo um dos "quatro cavaleiros do otimismo ambiental", ao lado do progresso tecnológico, conscientização pública e governo responsivo.

Com esses cavaleiros em ação, é possível evitar que a sede de lucros prejudique a natureza (como a empresa que para reduzir custos joga rejeitos industriais no rio). E ao mesmo tempo aproveitar os bons incentivos do capitalismo —o investimento em inovação para reduzir gastos com matérias-primas.

Para preservar o meio ambiente, "não precisamos puxar o volante da economia e da sociedade para outra direção; precisamos somente pisar no acelerador", diz o economista.

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