Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Leandro Colon
Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaro ignora fatos para obter votos e deixa no ar pergunta sobre governo

Campanha de presidenciável tenta criar teoria sobre atentado, mas PF começa a desmistificar versão

Brasília

Além da prática do nocivo fenômeno da fake news, a disputa eleitoral de 2018 tem sido palco da tentativa de imposição de teorias especulatórias que ignoram propositalmente os fatos como arma política para influenciar no resultado.

A mais recente é a que gira em torno de Adélio Bispo Oliveira, o homem que esfaqueou Jair Bolsonaro (PSL). Após o atentado em Juiz de Fora, a Polícia Federal apreendeu um computador, quatro telefones celulares e um cartão de crédito internacional em nome do agressor.

​Como um homem pobre, desempregado, poderia ter essa quantidade de equipamentos? Como pagou adiantado os R$ 400 da hospedagem em uma pensão na cidade mineira?

Aliados, filhos e fiéis seguidores de Bolsonaro sentenciaram então que a agressão foi premeditada, a mando de setores da esquerda dispostos a aniquilar o líder das pesquisas.

Passaram a desacreditar qualquer evidência contrária a essa tese martelada diariamente e que tem um peso considerável no contexto eleitoral.

Na noite de sábado (22) o repórter Rubens Valente mostrou dados da investigação da PF que, por ora, desmistificam a versão que a campanha de Bolsonaro quer impor nas redes.

A PF concluiu que o computador de Adélio era velho e quebrado. Dos celulares, apenas dois estão funcionando e nenhum fora adquirido poucos antes do crime. O cartão de crédito nunca foi utilizado —tendo sido emitido automaticamente por um banco usado para conta salário de uma empresa onde ele trabalhou. O dinheiro depositado era fruto de rescisão trabalhista. São fatos da investigação policial até o momento.

Outra teoria mira as urnas eletrônicas. Bolsonaro e entorno espalham que a derrota dele será fraude. Dizem não confiar em um modelo que nunca deu sinais reais de falhas.

A campanha do deputado hoje ignora os fatos para obter votos, mas deixa no ar uma pergunta cuja resposta preocupa: como um governo dele vai lidar com instituições do porte do TSE e da PF se não seguirem a sua cartilha conspiratória?

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