Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Leandro Colon

A última tacada de Moro

Asfixiado por Bolsonaro, Moro aposta em plano de segurança para sobreviver

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jair Bolsonaro disse à Folha que Sergio Moro é um “ingênuo” na política, mas nem o ministro da Justiça deve ter acreditado nas boas intenções do chefe com o tapinha nas costas e a mão no ombro que recebeu no passeio pela Esplanada no desfile da Independência.

Não precisa de muita malícia para entender o jogo de Bolsonaro. Se dependesse dele, o ex-juiz da Lava Jato já estaria bem longe do seu governo.

Jair Bolsonaro desfila abraçado a Sergio Moro para cumprimentar o público no desfile de 7 de setembro - Pedro Ladeira/Folhapress
 

O que era para ser um símbolo virou um estorvo para o presidente. Moro foi convidado para assumir a Justiça nas horas seguintes à eleição do ano passado como um gesto de Bolsonaro para tentar ganhar a plateia assustada com o que viria por aí. 

Até deu certo. Para grande parte da população, Moro chegou a Brasília como símbolo número 1 da maior investigação de combate à corrupção. O super-herói de toga que botou os políticos ladrões na cadeia. 

Não levou tempo para Moro, um “ingênuo” nas palavras do presidente, perceber que Brasília não é Curitiba. Não é o ministro poderoso e autônomo que imaginou que seria.

O Congresso não o bajula, a imprensa séria, idem. Fracassou no movimento para fazer do Coaf um braço de seu ministério e, ao que tudo indica, terá de engolir a saída de um homem de sua confiança da diretoria-geral da Polícia Federal (sem liberdade para escolher o substituto).

Por que Bolsonaro não se livra de Moro? Por mais que isso incomode o presidente, seu ministro da Justiça é hoje muito mais popular do que ele —como mostrou o Datafolha, 54% dos brasileiros aprovam sua gestão na pasta, uma força nas ruas amparada ainda na fama da Lava Jato.

A popularidade do ex-juiz, potencial nome para 2022, causa ciumeira em Bolsonaro, mas é o escudo do ministro para não ser jogado fora. 

Asfixiado politicamente pelo presidente, Moro busca refúgio em um ambicioso plano de segurança pública, em parceria com estados e municípios. Há quem diga em Brasília que será a última tacada dele no governo. Se não der certo, Moro pedirá o boné. E Bolsonaro vai agradecer.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.