Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

Animação da Apple com Kristen Bell naufraga

Mistura de musical e desenho, 'Central Park' não rende nem sorrisos amarelos

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Nunca é bom sinal quando uma série (ou filme, ou livro ou música —ou qualquer coisa, na verdade) ganha mais atenção pela polêmica ao seu redor do que por suas qualidades artísticas. A animação adulta “Central Park” não fugiu dessa sina.

Duas vezes foco de alarde nas últimas semanas, a primeira por escalar para dublar uma personagem negra uma atriz branca (Kristen Bell, da maravilhosa “The Good Place”) e a segunda porque a mesma atriz se envolveu em controvérsias em sua vida pessoal, a série que se propõe ser um misto de animação e musical não mostra a que veio. Com proposta ousada, tem elenco de nomes estrelados.

Além de Bell e Josh Gad (“Frozen”), cantam em cena Stanley Tucci (de “A Grande Noite” e “Spotlight”) e Tituss Burgess (“Unbreakable Kimmy Schmidt”). Isso, tristemente, não é o suficiente.

Ancorada no humor nonsense, conta a vida do zelador de parque Owen, que vive com a mulher jornalista e dois filhos adolescentes no quadrilátero mais famoso dos Estados Unidos. Diante do parque, mora Bitsy, que de sua imensa cobertura planeja trocar as árvores tão caras aos nova-iorquinos por mais prédios e muitas parcerias comerciais. É isso.

Esta colunista aprecia tanto animações como musicais, se bem feitos, mas a mistura resultou indigesta. Os longos números, com letras que poderiam tirar alguma graça por seu absurdo, ficam muito aquém das cenas do tipo em “South Park”, por exemplo.

Pode ser uma questão de puritanismo. “Central Park” é excessivamente limpinha em suas piadas, tanto em termos de linguagem (de novo, “South Park” com seus palavrões consegue despertar o aluno de quinta série dentro de nós com eficácia) quanto em termos de cinismo (“Os Simpsons”, “Family Guy”) ou absurdo surrealista (“BoJack Horseman”, “Tuca e Bertie”).

Pode ser, também, o fato de ter como personagem central um guarda-parques, essa figura meio esdrúxula aos telespectadores brasileiros. Embora, claro, “Parks and Recreation” tratasse do mesmo departamento e até hoje seja lembrada com saudade por aqui.

Mas provavelmente o problema está na fórmula demasiadamente infantil, com números musicais intermináveis.

Parece um desperdício ver Tucci, um grande ator, constrito a uma vilã bidimensional. Parece também estranho os autores terem a possibilidade de entrar no campo da fantasia e se aterem à verossimilhança, sem nem ao menos fazer troça dela. Não é escapista o suficiente para fazer esquecer os problemas do mundo real; não é realista o suficiente para abordá-los de forma provocativa.

A série é uma aposta da Apple TV+, a primeira de animação da plataforma da Apple, cujo catálogo de produções originais ainda não conseguiu realmente fazer sombra nem à Netflix nem a suas concorrentes mais próximas, Amazon Prime Video e HBO, ainda que alguns títulos brilhem. Em meio à quarentena imposta por uma pandemia global, há coisa bem mais interessante para ver.

Os três primeiros episódios de ‘Central Park’ estão disponíveis na Apple TV+; outros dez serão lançados às sextas

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