Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

'A Diplomata', com Keri Russell, dá saudade de 'The Americans'

Thriller na Netflix transforma burocrata em super-heroína, mas falta ironia

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Quando o piloto de "The Americans" foi ao ar, há dez anos, sua protagonista, Keri Russell, era conhecida pela série adolescente/universitária "Felicity" (1998-2002) e por filmes açucarados. O papel da espiã russa Elizabeth Jennings nunca lhe rendeu um Emmy, mas mudou sua latitude dramática —e cômica— perante o público.

O personagem lhe caiu tão bem que Russell retoma o arquétipo em sua primeira série desde o final da saga dos agentes russos em solo americano. Em "A Diplomata", recém-disponibilizada na Netflix, ela é Kate Wyler, uma funcionária de carreira do Departamento de Estado que após servir na Guerra do Iraque e trabalhar de perto com a CIA esperava um posto Cabul, mas acaba levada pela política à embaixada de Londres.

Acostumada a trabalhar sob o radar, ela agora precisa construir uma persona pública glamourosa para, embora ainda sem saber, ser alçada à vice-presidência dos EUA. Além dos obstáculos da política externa e interna, ela precisa também administrar a política doméstica: seu marido, o também diplomata Hal (Rufus Sewell) costumava ser a estrela do casal até uma rusga com o chefe colocá-lo na geladeira.

O roteiro também saiu de mãos familiarizadas com o tema. Deborah Cann, que pela primeira vez assina a criação de uma série, já havia trabalhado em "Homeland" e "The West Wing", dois sucessos do subgênero de intriga política.

Talvez por isso "A Diplomata" seja exatamente o que o espectador espera: maquinações, vaidade, traições, reviravolta, interesses espúrios, interesses nobres do/a protagonista e umas reviravoltas.

As performances são consistentes, os diálogos estão afiados, o roteiro consegue segurar o suspense. E, ainda assim, é esquemática, demora a conquistar o espectador.

Aqueles que apreciam uma trama de espionagem ou de política vão apreciar, claro, mas estamos longe dos marcos que foram as séries anteriores da atriz e da roteirista.

Pode ser a falta dos temas tabus que rondavam "Homeland" e "The Americans", pode ser a verossimilhança menor do que "The West Wing", pode ser apenas o excesso de concorrência mais ousada ou inovadora que acabam por apequenar "A Diplomata".

Há, também, certa ingenuidade na representação do trabalho diplomático, em sua maior parte feito em salas fechadas, conversas, relatórios e recepções (bem mais do que em correrias, sequestros, bombardeios e eleições).

Somada ao glamour que a personagem de Russell exala, acabam por torná-la uma super-heroína, bem longe da miseravelmente humana Carrie (Claire Danes) de "Homeland".

Igualmente estranha é a ideia de que o posto de embaixadora atrairia atenção suficiente do público americano a ponto de ungir a diplomata para a vice-presidência —o americano médio pouco se interessa pela política externa em suas minúcias.

Como entretenimento que segue a cartilha (e gera muitas temporadas) está bem. Vai ser interessante observar quais ecos da realidade americana a série vai absorver. Aí, sim, a série ganharia algum sal.

A primeira temporada de "A Diplomata" está disponível na Netflix

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