Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

Documentário sobre Balão Mágico reflete saudosismo de uma infância offline

Nova produção sacia curiosidades e alterna momentos de ternura com outros de exposição de exploração

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De tempos em tempos a cultura pop é varrida por alguma avalanche nostálgica, e seria inevitável que a dos anos 1980 não viesse em forma de overdose. Porque o comportamento e a estética de então eram norteados por exagero e intensidade, claro, mas também porque foi última década em que a vida ocorreu inteiramente offline.

Essa é a nota que soa mais forte em "A Superfantástica História do Balão", docussérie em três partes que o Star+ pôs no ar neste mês e que pretende, mais do que relatar, revisitar a história do grupo infantil Balão Mágico, um fenômeno de popularidade tão intenso quanto efêmero.

Em quatro anos de carreira, Tob, Simony, Mike e Jairzinho —o núcleo duro do conjunto— gravaram quatro discos, estrelaram um programa diário na maior emissora de TV do país, ganharam prêmios e fizeram milhares de shows Brasil afora. Cresceram em frente às câmeras, com as sequelas que isso deixa, e tomaram rumos distintos na vida adulta.

Os diretores Tatiana Issa e Guto Barra abordam sucessos e reveses do Balão Mágico com sensibilidade mas sem panos quentes.

O documentário é esquemático —o roteiro está construído em cima de um reencontro dos quatros integrantes que parece inspirado na reunião do elenco de "Friends" entremeado por imagens da época e entrevistas com outros responsáveis pelo fenômeno, inclusive fãs anônimos e famosos. Mas não se furta de revelações desconfortáveis nem de passagens polêmicas.

Estão ali a saída de Tob (nome real: Vimerson Canavillas) por chegar à adolescência, a controvérsia enfrentada por Simony após se tornar adulta e posar nua e a relação de Mike com o passado de seus pais (uma stripper e um ladrão de bancos, o lendário Ronald Biggs) e as drogas.

Jair Oliveira, filho do músico Jair Rodrigues e o mais bem-sucedido artisticamente entre os quatro, parece ser o que chegou mais inteiro à meia-idade, ou ao menos é o que o roteiro defende.

É também quem tem o principal legado: crianças negras, até então esquecidas pelo incipiente showbiz brasileiro, puderam finalmente se ver representadas.

É difícil que quem teve a infância nos anos 1980 não se enterneça com as memórias, histórias e hits ali relembrados. Há, no entanto, uma chave bem mais dolorosa na qual assistir a "A Superfantástica História do Balão", a da exploração à qual artistas mirins são invariavelmente submetidos.

O conjunto das entrevistas —especialmente a do diretor musical do Balão, Marcos Maynard— compõe um quadro de exploração e lucro como único propósito que deixou marcas e recalques.

Simony e Vimerson/Tob, os integrantes originais, não parecem ter se reconciliado com seu passado, ele obliterado pela efemeridade da fama; ela relutante em se resignar.

Eram, em crianças, os dois mais talentosos, e no entanto as personalidades mais esfuziantes de Mike e Jair se provam essenciais para o sucesso não só do grupo como do documentário.

Os três espisódios de 'A Superfantástica História do Balão' estão disponíveis no Star+.

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