Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Amizade entre jornalistas guia a nova série ‘As Garotas do Ônibus’, da Max

Série com Melissa Benoist romanceia profissão em meio a choque geracional

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Cena de 'As Garotas do Ônibus', série da Max

Cena de 'As Garotas do Ônibus', série da Max Divulgação

A história que "As Garotas do Ônibus: Jornalistas em Campanha" pretende contar é bem conhecida de muitos jornalistas. Com uma pauta —ou missão— em mãos, você passa enorme tempo na estrada e forma laços estreitos com aqueles que deveriam ser seus concorrentes. Laços que não eliminam a competição, mas que são o apoio necessário e genuíno quando estamos longe de todo o resto.

Aqui, a protagonista é Sadie McCarthy —Melissa Benoist, a Supergirl—, uma jornalista que cobre a fase de primárias da campanha eleitoral para a Casa Branca e tem como aspiração máxima ser o Hunter Thompson de sua geração.

Mas há pouco espaço hoje para misturar informação com sensações e literatura, como fez Thompson com maestria nos anos 1960 e 1970. O jornalismo atual, afinal, cobra instantaneidade, concorre com influencers e perde audiência para redes de desinformação e sites que regurgitam o trabalho alheio.

Sadie ainda lida com o ônus de ter se encantado pelo objeto de suas reportagens três anos antes, pecado jornalístico capital, ao ser flagrada chorando após a derrota da candidata progressista que cobria e virar chacota nas redes conservadoras.

Por isso, "As Garotas do Ônibus" é a história de redenção de Sadie, mas tenta ser também a do próprio jornalismo, sem exatamente chegar lá.

O nome se inspira em "The Boys on the Bus", livro-reportagem sobre a cobertura das eleições americanas de 1972. Mas o roteiro se ampara no livro da jornalista Amy Chozick, "Chasing Hillary" —atrás de Hillary, sem edição no Brasil—, que cobriu campanhas presidenciais. E assina a série ao lado de Julie Plec. A produção é do mesmo pessoal que fez "Comissária de Bordo".

Há certo encantamento da série com seus personagens. Sadie, embora trabalhe para uma grande publicação nova-iorquina, é idealista de uma forma que hoje pouca gente com mais de três anos de experiência se deixa ser, com aqueles trejeitos da "manic pixie girl" consagrada pelo cinema independente americano.

A seu lado estão três concorrentes arquetípicas que na estrada se tornam uma irmandade —a veterana cínica que coleciona façanhas e não perdeu a paixão pela profissão de Carla Gugino, que continua em boa fase, a repórter de TV ambiciosa porém honesta que está em ascensão de Christina Elmore e a influencer que entra na cobertura já para promover a candidata mais à esquerda. Tendo abandonado os critérios de impessoalidade, ela, vivida por Natasha Behnam, tem muito mais público do que as três outras.

A série estreia na Max aproveitando o timing da temporada de primárias da eleição americana, quando os partidos escolhem candidatos —talvez um pouco tarde e um pouco sonhática após a disputa já selada como Trump e Biden.

Ainda que falhe em ambições maiores e apele a um enredo rocambolesco, "As Garotas do Ônibus" diverte bem. Alimentou até a nostalgia desta colunista que, em vida pregressa, cobriu campanhas americanas como correspondente.

Os dois primeiros episódios de ‘As Garotas do Ônibus’ estreiam na quinta-feira (14), na Max.

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