Lygia Maria

Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

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Descrição de chapéu Rússia

Mortes suspeitas na Rússia

Com imprensa reprimida por regime autoritário, solução de casos obscuros talvez nunca venha à luz

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O Muro de Berlim caiu em 1989 e a URSS esfacelou-se em 1991, mas a infração de direitos humanos e das liberdades de imprensa e de expressão, marca do regime totalitário socialista, ainda vigora na região.

Em 2021, Dmitri Muratov, então chefe do jornal russo Novaya Gazeta, foi laureado com o prêmio Nobel da Paz. Desde a sua fundação, em 1993, seis jornalistas do veículo haviam sido assassinados.

No mesmo ano, relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) mostrou que, desde 1992, 58 profissionais de imprensa foram mortos por realizar seu trabalho na Rússia, que figurava em 11º lugar no ranking do CPJ de nações em que mais homicídios de jornalistas ficaram impunes, com seis óbitos.

Um homem segura uma foto de Alexei Navalni durante comício contra a morte do opositor de Vladimir Putin, em frente à embaixada russa em Berlim - Odd Andersen/AFP

Mortes suspeitas e não solucionadas são uma tradição no país governado pelo autocrata Vladimir Putin. A guerra contra a Ucrânia agravou o problema. Desde o início do conflito, ao menos dez empresários e oligarcas russos morreram em condições no mínimo nebulosas. Caíram de janelas, de escadas ou teriam cometido suicídio após assassinarem suas famílias —dois desses casos ocorreram em menos de 48 horas.

A morte de Alexei Navalni, ativista crítico a Putin, em uma colônia penal no Círculo Polar Ártico que nos anos 1960 havia sido um Gulag soviético, tem chances de entrar na lista. Contudo, dado o caráter autoritário do regime, o mais provável é que nunca seja esclarecida.

Centenas de pessoas já foram presas apenas por fazerem vigília por Navalni e a repressão à atividade jornalística piorou nos últimos anos.

Segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, "a guerra na Ucrânia permitiu ao Kremlin iniciar em 2022 a operação final de ‘limpeza’ do panorama midiático russo". No Índice de Liberdade de Imprensa de 2023 da entidade, a Rússia ocupa o 164º lugar entre 180 países, 14 posições abaixo da colocação em 2021.

Democracia não se resume a eleições. Sem uma imprensa livre, não há holofotes sobre os atos do Estado, que fica livre para agir nas sombras.

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