A promessa de desconto na conta de luz mobilizou 5.000 consumidores da companhia de energia de São Paulo em 2017. Mil toneladas de recicláveis foram entregues à Eletropaulo no ano passado para a obtenção de bônus, segundo a empresa.

Desde o início da operação do projeto Recicle Mais, Pague Menos, em 2013, que troca papel, plástico, vidro e pacotes TetraPak por bônus na conta de energia, foram encaminhadas 6.000 toneladas de resíduos e a contrapartida aos consumidores foi de R$ 785 mil em descontos.

A empresa mantém 13 pontos de coleta e 15 máquinas que recebem latinhas, garrafas PET e vidro em estações da linha 4-amarela do metrô e em outros pontos de trânsito de pessoas em cidades como São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, Itapevi, Barueri e Carapicuíba.

O consumidor faz um cadastro nos locais de coleta apresentando a conta de luz e recebe um cartão de adesão. De posse do cartão, ele leva o material recolhido, que é pesado, e o desconto é calculado de acordo com o valor de mercado, valendo crédito na conta de energia do mês posterior.

Entre os pontos de coleta estão alguns supermercados Assaí, a Universidade Mackenzie e condomínios. Há máquinas Retorna Machine nas estações Luz, República, Pinheiros e Faria Lima do metrô, no Hospital Sírio Libanês e em alguns supermercados Carrefour e Tenda Atacado na região atendida pela Eletropaulo.

Pelo menos em mais sete estados do país há programas de troca de recicláveis por descontos de energia. No Ceará, o pioneiro projeto Ecoelce começou em 2007. Em 2008, ele venceu um prêmio da ONU para empresas que contribuem para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Foi replicado no Rio com o nome Ecoampla, também em 2008, segundo a empresa Enel.

Atualmente funciona no Rio o Light Recicla, que começou em 2011 e aceita também óleo de cozinha em sua rede de Ecopontos. O consumidor pode obter o desconto na conta ou doar o bônus para projetos sociais.

Também os estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte têm programas do gênero, muitos deles com caminhões que passam em bairros ou pequenas cidades poucas vezes por mês.

O diabo é que a ideia é boa, mas, como sempre, existe pouquíssima divulgação desses programas. E pelas próprias empresas de energia. Os resultados são tímidos em relação ao enorme desafio da reciclagem no país.

Mesmo assim, elas têm alto valor educativo. Além de incentivarem a coleta, servem para que os consumidores entrem em contato com o fato de que os resíduos não somem e têm um percurso na economia.

Apesar de baratos, mantêm sua existência de mercadoria e são comprados como insumo para voltar à cadeia de produção. E coleta e destinação correta feitas pelos cidadãos são fundamentais para fechar o círculo.

Para saber se sua cidade tem um programa do tipo, dê uma olhada no site da companhia de energia.