Mais de uma semana após a decretação da intervenção federal na segurança do Rio, finalmente ouviu-se a voz do interventor, general Braga Netto. Pelo pouco que falou em sua entrevista coletiva —limitando, inclusive, as perguntas de jornalistas—, pareceu não ter um plano pronto, mas intenções.
Alinhado ao mantra de que é preciso fazer uma limpeza nos corruptos órgãos de polícia, o general anunciou ainda que reforçará as corregedorias, “para que o bom policial seja valorizado e o mau seja penalizado”.
Difícil discordar da necessidade de tais medidas, mas impossível ter fé em mudanças profundas na segurança do estado a partir delas. Porque nenhuma ataca os problemas estruturais. Parte deles nem está mesmo sob a alçada de Braga Netto, como deixa claro Vinícius George, delegado da Polícia Civil do Rio.
“A corrupção policial é um problema? Claro que é. Mas, se não enfrentarmos primeiro a corrupção política, esquece, não tem efeito na corrupção policial. Ela, em regra, é um desdobramento da corrupção política. Se a intervenção é para enfrentar o crime organizado, crime organizado no Rio é o MDB”, disse o delegado, em entrevista ao programa Faixa Livre, da rádio Band AM.
“Favela nunca teve crime organizado. Ao contrário, é anárquico. A única chance desses garotos passarem dos 24 anos é serem presos. Senão morrem. Em conflitos com outros criminosos, na mão da polícia. Quer saber quem manda na favela? Vê quem tem voto ali.”
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