Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Vacina do mercado financeiro contra a Covid não atinge a ômicron

Incertezas sobre a eficácia da vacinação e sobre novas restrições à circulação aumentaram a volatilidade

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Quando a vacinação finalmente avançou de forma significativa no Brasil e a vida parecia que ia voltar ao normal, chegou ela: a variante ômicron. E, para além do noticiário preocupante, voltamos a ver as bolsas afundando ao redor do mundo, novamente por conta do coronavírus.

Uma semana após as notícias sobre a triste novidade tomarem as manchetes dos jornais, a OMS (Organização Mundial da Saúde) já divulgou comunicados apontando que a ômicron "representa risco alto para o mundo" e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que ela pode causar problemas significativos para a economia global. As incertezas ainda são muitas.

No dia a dia, os efeitos passam pela Prefeitura de São Paulo cancelar o Réveillon e afastar ainda mais o fim do uso de máscaras. No seu bolso, o resultado é uma queda drástica no preço das ações.

Desde o dia 24, quando apareceram as principais notícias sobre a nova variante da Covid-19, o S&P 500, indicador que reúne as ações das maiores empresas dos EUA, caiu 2,4%. No Brasil, o noticiário esquentou no dia seguinte e, até agora, o Ibovespa levou um tombo de 1,9%. Ambos tiveram alta nesta quinta-feira (2/12), mas o cenário amplo ainda é o mesmo, com ou sem a PEC do calote nos precatórios.

Por que esse "desespero", se já temos tanta gente vacinada e já passamos por isso antes? Afinal, já aprendemos lá no começo de 2020 a lidar com pandemias de vírus assassinos, não?

Acontece que além das vacinas —Pfizer, Coronavac, Astrazeneca ou Janssen— uma outra injeção foi essencial para a superação da crise econômica causada pela primeira onda: a injeção de dinheiro.

Programas de incentivo de diferentes governos vieram a reboque da pandemia, para fazer o dinheiro circular, mesmo com o comércio a portas fechadas e o setor de serviços impedido de funcionar.

Como não há solução simples para problemas complexos, essas injeções monetárias tiveram um alto custo: a inflação. E para combater seus temíveis efeitos, os Estados Unidos estão justamente puxando as rédeas e freando os estímulos à economia.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, anunciou que deve acelerar o fim das compras de ativos pelo Fed neste mês, na medida em que os riscos de uma inflação mais persistente aumentaram.

Assim, repetir a dose da vacina usada pelo mercado para combater a Covid-19 está fora do cardápio no caso da variante ômicron. Por isso, a insegurança atingiu os grandes investidores.

As incertezas sobre a eficácia da vacinação e sobre novas restrições à circulação aumentaram a volatilidade do mercado de ações. Ainda que sejam poucas as mortes e infecções pela nova variante, trata-se de uma nova variável nas contas do mercado, o que é sempre ruim, pois reduz a previsibilidade.

Essas quedas deixam sem chão quem apostou demais em gigantes do varejo como Magazine Luiza (MGLU3) e Pão de Açúcar (PCAR3), pensando na retomada da "vida normal". O sofrimento é mais brando para aqueles que souberam balancear a carteira com ativos diferentes de ações, como dólar e fundos imobiliários.

Fundos imobiliários, aliás, que, como apontei aqui, há uma semana, estavam sendo negociados a preços considerados baixos. Desde a publicação do texto, em 26 de novembro, o Ifix, índice que mede o desempenho médio dos FIIs, subiu 1,6%, sem grandes solavancos.

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