Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Poucas opções para ganhar muito; boas opções para ganhar sempre

Neste ano, quem apostou na estabilidade teve um bom retorno na renda variável

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Lembra como até pouco tempo atrás éramos metralhados com propagandas de negociação de criptomoedas e sobre como esse era o mercado que ia explodir? Implodiu. E investir no exterior era o que ia te deixar rico? As bolsas dos Estados Unidos derreteram.

Então bitcoin é um golpe? Investir nos EUA é burrice? Não, calma. Os dois têm seu papel, mas no seu tempo, no seu espaço, na composição de uma seleção de investimentos. São atacantes que fizeram bons gols em partidas passadas, mas que neste ano ficaram melhor no banco dos reservas.

Escolhas de investimento dependem do seu momento financeiro, do seu apetite para o risco e da capacidade e dedicação peneirando as opções existentes - Gabriel Cabral/Folhapress

Na renda variável, em 2022 (e já estamos em dezembro!), foi premiado quem apostou no arroz com feijão. Enquanto o Ibovespa, maior representante do nosso mercado de ações, andou parcos 6,7% até agora — com a inflação acumulada de 4,7% até outubro —, um outro índice deu bons 14,5% de valorização: o Idiv.

Se você não o conhece, é uma espécie de Ibovespa só com empresas tradicionalmente boas pagadoras de dividendos aos seus acionistas. Em vez dos 92 papéis, apenas 52 compõem o índice— encabeçados por Vale, BB Seguridade e Gerdau.

E o que as boas pagadoras de dividendos têm em comum? Costumam ser companhias estáveis e consolidadas, que não precisam mais fazer grandes investimentos. Bancos, empresas de energia, siderúrgicas, por exemplo.

Ou seja, quem apostou na estabilidade teve um bom retorno, na renda variável. E a valorização do Idiv se dá apenas com base nos preços dos papéis, sem levar em conta os proventos pagos pelo caminho.

O foco em setores tradicionais também trouxe bons resultados fora do Brasil. O índice que reúne BDRs —papéis emitidos aqui, representando ações de bolsas estrangeiras— caiu quase 25% neste ano. É o maior tombo anual desde a sua criação, segundo levantamento da plataforma TradeMap. Mas 22 dos seus 130 papéis ganharam da nossa inflação.

No topo da lista: petróleo, petróleo e mais petróleo. Occidental Petroleum; Exxon Mobil; Devon e Chevron entregaram ganhos de 50% a 125% a seus acionistas. Ou seja: mesmo com a queda das bolsas americanas, dava para ganhar um dinheiro com BDRs.

No Ibovespa, por sua vez, 34 papéis tiveram uma valorização acima da inflação, chegando a 108%, com as ações da Cielo (CIEL3).

Mas há um outro tipo de ativo negociado na Bolsa que trouxe mais opções vencedoras para seus investidores neste ano: os fundos imobiliários (FIIs).

De janeiro até agora, o índice que reúne os FIIs (Ifix) foi mal: rendeu 2,5%. Entretanto, quem peneirar entre seus ativos vai encontrar 49 que ganharam da inflação até agora. Só que nenhum deles subiu mais do que 30%.

Em resumo: onde foi mais fácil encontrar boas opções para investir (FIIs), não há uma opção sequer com mais de 50% de valorização. Já onde foi mais difícil peneirar bons papéis (ações brasileiras e BDRs), dois papéis permitiriam mais do que dobrar o dinheiro investido.

E aqui não há certo ou errado. Depende do seu momento financeiro, do seu apetite para o risco e da capacidade e dedicação peneirando as opções existentes. Mais risco, mais retorno —desde que se acerte o alvo. Menos risco, menos retorno —com mais chances de construir seu patrimônio no longo prazo. Escale sua seleção e não tire o olho do jogo.

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