Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Bitcoin venceu, ouro perdeu e você nem viu

Lista traz os 60 fundos que entregaram a melhor e a pior rentabilidade neste ano

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Foi-se o tempo em que todo mundo falava de bitcoin, criptomoedas e NFTs de imagens de macaquinhos. As buscas pelo termo bitcoin no Google, hoje, são apenas 38% do que foram lá em setembro de 2019, segundo a própria plataforma. A curiosidade sobre "NFTs" caiu ainda mais e hoje está em 4% do pico das buscas, atingido em janeiro do ano passado.

Os olhos não veem, mas, curiosamente, o bolso sente. Os fundos multimercado que mais deram retorno nos primeiros nove meses deste ano foram justamente os que investem em criptomoedas. Já os que deixaram seus cotistas na pior também estão, em sua maioria, concentrados em poucos tipos de ativos, como ouro, prata e cannabis.

ilustração de criptomoedas
Ilustração de criptomoedas - reprodução

A lista com os 60 fundos que entregaram a melhor e a pior rentabilidade neste ano pode ser acessada no site Monitor do Mercado (disponível aqui) e foi elaborada a pedido do site pelo especialista em dados de mercado Einar Rivero, com base nas informações da ferramenta Mais Retorno. Como recorte, foram filtrados os fundos acessíveis para todo tipo de investidor, não exclusivos e com pelo menos mil cotistas.

No top 3, estão dois fundos da gestora Hashdex e um da XP, focados em criptomoedas em geral e especificamente em bitcoin. Eles deram retorno de 51% e 42% de janeiro a setembro, enquanto o Ibovespa subia 9,5%.

Foi uma bela tacada, como não são fundos de gestão ativa (ou seja, só compram os ativos), a glória está no timing de comprar suas cotas. Quem simplesmente comprou bitcoin na virada do ano chegou a outubro com 54% de ganhos. Mas se o fez lá em janeiro de 2022, ainda amarga perdas de 44%.

Já entre os 30 fundos que deram mais prejuízo para seus cotistas até a chegada deste mês, chama a atenção que cinco concentram seus investimentos em ouro. Mais uma vez, não são fundos de gestão ativa – e o preço do cobiçado metal despencou em setembro.

Vale dizer, aliás, que nos últimos dez dias, desde o acirramento da guerra entre Israel e Palestina, ampliando a sensação de insegurança do mercado global, o preço do ouro subiu mais de 8%.

A lição que fica, ao se afastar um pouco dos casos específicos e olhar o ranking como um todo, é como os fundos que levam seus investidores ao céu ou à beira do inferno, em sua maioria, são focados em poucos tipos de ativos. Sem diversificação, aumentam os riscos e, como é preciso sempre lembrar, mais riscos aumentam a chance de retornos poupudos, bem como de tombos dolorosos.

Escolher um fundo (ou ativo em geral) olhando apenas a rentabilidade dele nos últimos 9, 12 ou 24 meses é tão inútil e arriscado quanto dirigir um carro olhando só para o retrovisor. Quem tivesse levado em conta o último ano jamais teria lucrado com os fundos de bitcoin neste ano.

P.S.: Para os curiosos como eu, o fundo vencedor foi o Hashdex Bitcoin FIC FIM, da gestora Hashdex. Seu objetivo é chegar a uma exposição próxima de 100% em bitcoin, apenas facilitando o acesso para investidores mais acostumados a colocar dinheiro em fundos do que em operar as carteiras digitais de criptomoedas.

Já o fundo que deu mais prejuízo para seus cotistas de janeiro a setembro deste ano foi o chamado Esh Theta 18, cujo valor das cotas caiu mais de 50%. Seu gestor é conhecido pelas brigas públicas em redes sociais, com acusações graves contra controladores das empresas nas quais investe.

O objetivo é "buscar a valorização por meio do aprimoramento da governança corporativa e a responsabilização civil e administrativa daqueles que agem de maneira a prejudicar as empresas investidas", diz a gestora Esh Capital.

Em tradução livre: seu foco é comprar ações de empresas que acredita serem mal geridas e cobrar mudanças nelas, esperando valorização e possíveis indenizações aos investidores. Suas principais posições, de acordo com documento publicado em setembro, são Terra Santa (LAND3) e a construtora Gafisa (GFSA3).

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