Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu Folhainvest

Saúde respira com e sem ajuda de aparelhos

Oncoclínicas e Rede D'Or vivenciam lados opostos da moeda no setor

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As mudanças nas relações sociais e os efeitos psicológicos de termos vivenciado a pandemia de Covid-19 são e serão estudados nos próximos anos. No mundo corporativo, a volta a níveis pré-pandêmicos de rentabilidade e produtividade é comemorada a cada temporada de divulgação de balanços.

Quando as máscaras eram obrigatórias em ambientes fechados e o álcool em gel parecia o item mais importante do mercado, duas empresas do setor de saúde resolveram abrir seu capital e apostar no crescimento. Com a diferença de menos de um ano, a Rede D’Or, dos hospitais, e a Oncoclínicas, de centros para tratamento de câncer, resolveram ir à Bolsa captar investimentos.

Painel eletrônico da B3
Painel eletrônico da B3; empresas de saúde na Bolsa de Valores se recuperam da pandemia - Carla Carniel/REUTERS

Agora, na mais recente divulgação de resultados trimestrais, analistas ressaltaram que a Rede D’Or conseguiu levar suas margens operacionais, ou seja, o lucro de suas operações, a níveis próximos de antes de sermos atingidos pelo meteoro do coronavírus. O bom momento se reflete em seus papéis. As ações RDOR3 subiram mais de 16% desde o começo do ano.

A Oncoclínicas, por sua vez, vivencia o outro lado da moeda do mercado da saúde. Suas ações ONCO3 já despencaram praticamente pela metade neste ano (queda de 48%), e, de acordo com uma pesquisa feita pelo BTG Pactual com investidores, ela ainda é vista como a melhor opção de "short" no setor.

Para quem é novo aqui, "short", abreviação de "short selling", é a operação de venda a descoberto, que, trocando em miúdos, significa apostar na queda da ação. Ou seja: mesmo depois de o preço derreter quase pela metade, os investidores acham que tem espaço para cair mais.

Não é a primeira vez que Oncoclínicas e o termo "short" andam juntos. No meio do ano passado, a gestora Polo Capital anunciou que faria vendas a descoberto das ações da empresa, apontando a existência do que considerava práticas contábeis questionáveis em seus balanços.

Segundo a Polo, a empresa fez uma espécie de maquiagem em seus custos, apontando margens maiores do que as reais. A rede de clínicas se defendeu, afirmando cumprir as regras à risca. E mais de um ano se passou sem muitos desdobramentos disso.

Agora, depois de amargar uma desvalorização chamativa, a Oncoclínicas estuda fazer "desinvestimento em ativos não essenciais", ou seja, vender ativos. Isso apenas três anos após fazer sua oferta inicial de ações (IPO), que movimentou R$ 3,6 bilhões, focada na expansão, e poucos meses após captar mais R$ 1,5 bilhão do banco Master, em um aumento de capital realizado neste ano.

O contraste entre a Rede D’Or e a Oncoclínicas serve como um lembrete de que, no mercado financeiro, as oportunidades e os riscos caminham lado a lado, e a capacidade de ajustar-se às mudanças precisa ser analisada com calma. Entender a tese da empresa pode, muitas vezes, ser mais eficiente do que conhecer o setor e suas perspectivas.

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