Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu Folhainvest

Fantasma da recessão voou para o bolso do bilionário

Pânico costuma dar dinheiro, mas não para você

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São Paulo

A "iminente recessão" nos EUA e o desabamento do mercado de ações, que pareciam o princípio do apocalipse na segunda-feira (5), já viraram águas passadas. O chamado "índice do medo", VIX, que mede a volatilidade/incerteza do mercado, explodiu, subindo mais de 60% em um só dia. Fechou a sexta-feira (9), entretanto, abaixo do patamar em que se encontrava na semana anterior.

Se você não faz operações rápidas na Bolsa e segue o chamado "buy and hold" —ou seja, faz compras para, a longo prazo, aumentar seu patrimônio com o crescimento das empresas—, evitar tomar atitudes nesses momentos de pânico pode te ajudar a dormir melhor e a garantir o futuro financeiro da sua família.

A imagem mostra dois profissionais da Bolsa de Valores em um ambiente de negociação. Um deles está em pé, usando um paletó escuro e óculos, enquanto o outro está sentado, segurando um tablet e vestindo um colete azul. Ao fundo, há várias telas exibindo gráficos e informações financeiras.
Operadores observam variação de ações na Bolsa de Nova York - Michael M. Santiago/Getty Images via AFP

Claro que há oportunidades na crise, falarei disso daqui a pouco, mas, para a média dos investidores, se segurar é melhor do que fazer muito nessas horas. Quem acompanha o mercado de ações recentemente pode não saber, mas existe até um mecanismo usado para dar um "sossega-leão" nos investidores mais afoitos em dias caóticos, chamado "circuit breaker".

Ele foi bastante acionado na crise da Covid-19 e funciona assim: quando índices, como o Ibovespa, caem muito e rápido demais, as negociações são interrompidas por alguns minutos. Só para os investidores que estão vendendo "pararem para pensar" um pouco. E normalmente funciona. A adrenalina diminui, e as negociações costumam ficar mais racionais.

Já escrevi outras vezes que o pânico costuma dar dinheiro, mas não para você. Quem joga o jogo do andar de cima tende a se sair melhor nessas horas —inclusive por ter equipes inteiras dedicadas a analisar riscos e possibilidades, que operam em departamentos separados.

Quer um exemplo disso? Aí vai: enquanto se alardeava que os EUA estariam à beira do precipício econômico, o maior investidor do mundo, Warren Buffett, dobrou sua aposta no poderio do Tio Sam. Foi às compras de títulos do Tesouro americano, e agora, sua gestora, Berkshire Hathaway, já tem mais títulos do Tesouro do que o próprio Fed, o banco central dos EUA. É um escândalo, mas isso é assunto para outra hora.

Voltando para o mercado brasileiro, com os mercados recuperados do susto autofabricado, as Bolsas nos EUA voltaram ao patamar da semana anterior e o nosso Ibovespa conseguiu ir além: tocou novamente os 130 mil pontos.

Como o real continua muito barato perante o dólar e os balanços divulgados pelas empresas na semana passada mostram companhias com força para continuar fazendo o feijão com arroz, essa pode ser a deixa para finalmente testarmos novos patamares. A nossa Bolsa segue atraente para os investidores estrangeiros. E são eles que efetivamente movimentam o mercado.

As perspectivas dos bancos corroboram essa visão. O BTG aponta que o lucro das empresas brasileiras, excluindo Petrobras e Vale, deverá crescer 16% ao ano em 2024. Já a XP destaca que o corte de juros nos EUA em setembro é dado como certo pelo mercado financeiro, aumentando o apetite por renda variável global. A corretora, aliás, ajustou suas recomendações de alocação, reduzindo a exposição em renda fixa global e aumentando o percentual recomendado de renda variável para todos os perfis de investimento.

A alocação de ações por fundos multimercados brasileiros está em um nível próximo do mais baixo já registrado, reforçando a visão de que há muitos papéis atraentes para investimentos de longo prazo, para pessoas como você e eu. E não precisa ser nenhum Warren Buffett para aproveitar o movimento.

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