Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus

Taxa de famílias endividadas é a maior desde 2010; consignado pode abalar orçamento

O que pode ser uma boa saída para determinadas dificuldades financeiras não deve se tornar hábito

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Recorrer ao Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e a empréstimos consignados, sem dúvida, é bem melhor do que usar o rotativo do cartão de crédito. Mas não devemos transformar as prestações do CDC e do consignado em dívidas permanentes para complemento da renda. Mesmo com Custo Efetivo Total (juros, taxas e encargos) mais acessível, estes débitos podem contaminar o orçamento familiar.

A palavra crédito, em finanças, significa originalmente a confiança de receber de volta o dinheiro emprestado. Estes compromissos financeiros deveriam ser medidas excepcionais, motivadas por doenças, desemprego ou necessidade urgente de adquirir um bem ou serviço.

Mais de 24% das famílias no Brasil tinham contas em atraso no último mês de maio, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). E 68% estavam endividadas, o maior nível da série histórica iniciada em 2010. Uma situação que, obviamente, se agravou com a pandemia de coronavírus, e com a aceleração do desemprego desde 2015.

Outro fator que pesa é o achatamento da renda. Matéria desta Folha em abril último mostra que 80% das famílias com rendimento mensal acima de cinco salários mínimos perderam renda no quarto trimestre de 2020 em relação a igual período do ano anterior. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, compilados pela consultoria IDados.

Desemprego, queda da renda e endividamento compõem um círculo vicioso. Além do sofrimento das pessoas diretamente atingidas, atrasam a recuperação da economia.

Não bastassem as dificuldades que levam milhões de brasileiros a recorrer ao consignado, há também que lidar com empréstimos contratados sem autorização do cliente. As reclamações sobre esta prática aumentaram 266% no primeiro quadrimestre de 2021, em relação a igual período do ano passado, no portal Reclame Aqui. No Procon-SP, em janeiro deste ano, as reclamações sobre o consignado cresceram 206% em relação ao registrado neste mês em 2020.

Quem já contratou este tipo de empréstimo uma vez, recebe uma avalanche de mensagens pelo WhatsApp e email, oferecendo dinheiro. No mínimo, uma chateação em série.

E idosos têm sofrido, também, com os golpes do consignado, em que criminosos simulam ligar do INSS, e solicitam documentos para forjar um empréstimo.

Portanto, além de não usar o CDC e o consignado para aumentar sua renda —pois têm juros e prazo para quitação—, só faça este tipo de transação com o banco em que tem conta-corrente, para não ser alvo de golpistas. O que pode ser uma boa saída para determinadas dificuldades financeiras não deve se tornar hábito.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.