A volta da taxação dos combustíveis era uma questão de tempo. Apesar de o impostômetro, painel eletrônico da Associação Comercial de São Paulo, já ter superado os R$ 500 bilhões ainda em fevereiro, as contas dos governos nunca fecham no Brasil e a saída mais fácil é tributar os cidadãos.
Como os preços dos combustíveis têm impacto direto na inflação e no humor da classe média, a Petrobras reduziu o preço da gasolina em 3,9%, para compensar a volta da tributação.
Mesmo com o anúncio de uma medida que ameniza o peso da outra, o consumidor terá, sem dúvida, de fazer um orçamento somente para seu carro. Afinal, pode ser que mais adiante os preços dos combustíveis voltem a subir em razão do mercado internacional ou de outro parâmetro.
Desse orçamento devem constar não somente o custo mensal das idas aos postos de abastecimento mas IPVA (Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores); seguro do carro; pit stop na oficina (para consertos em geral, troca de óleo, filtros, aditivos etc.) e no martelinho para eliminar riscos e amassados; gastos no posto lava a jato (local para lavar o veículo, não a operação policial), pedágios e estacionamento. Sem contar as multas, que não são tão raras assim.
Como conseguir um reajuste salarial está tão fácil quanto emagrecer 10 quilos em um mês, teremos de ser ainda mais rigorosos com o orçamento doméstico. Quem puder, deixe o carro na garagem e se desloque de bicicleta, transporte coletivo ou aplicativo. Outra opção seria fazer uso coletivo do veículo. Ou seja, dar carona para colegas e vizinhos e dividir o custo da viagem.
Motoristas que usam muito pouco o carro, porque trabalham em home office e não costumam viajar, talvez concluam que não vale a pena o custo desse bem.
Se o objetivo do governo fosse proteger o meio ambiente, poderia manter a isenção tributária para biocombustíveis e facilitar a aquisição do carro movido a eletricidade. Outras medidas seriam ampliar o investimento em ferrovias e metrôs. E, como já escrevi neste espaço, voltar a promover o transporte hidroviário para passageiros em todo o país.
O mais urgente, contudo, é melhorar o transporte coletivo e fazer mais e melhores ciclovias, para que o carro seja mais opção do que necessidade.
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