A resposta deveria ser óbvia, mas na prática a teoria é outra. Isso ficou evidente com a reação ao afastamento da professora da Universidade de Nova York Avital Ronell, responsável por assediar sexualmente Nimrod Reitman, seu ex-aluno. Colegas saíram em defesa de Ronell. Detalhe, eles reconhecem que não tiveram acesso ao dossiê, resultado de 11 meses de investigação.
A alegação é de que trabalham há anos com Ronell, além de colocarem em dúvida a reputação do estudante. A culpabilização da vítima tem sido um dos pontos mais combatidos por movimentos como o #MeToo, que ajudaram a impulsionar as denúncias de assédio. Essa briga deveria valer também quando a acusação parte da ala masculina.
Um em cada cinco casos no U.S. Equal Employment Opportunity Commission (agência americana responsável por garantir que os direitos civis sejam respeitados no mercado de trabalho) é registrado por homem. Assim como no caso das mulheres, os especialistas acreditam em subnotificação. Deles é esperado que não se incomodem com investidas sexuais. Para amigos e colegas pode parecer um privilégio ser cobiçado por uma chefe. Como assim, um cara achar isso ruim? O resultado é que as vítimas se sentem envergonhadas, têm medo de denunciar e não serem levadas a sério.
O Código Penal é claro: assédio caracteriza-se por constrangimento e ameaças com a finalidade de obter favores sexuais, feitos por alguém de posição superior. Pouco importa quem esteja no andar de baixo. Uma mulher se valer de sua posição para assediar um homem não é menos grave, ainda que elas sejam alvos mais vulneráveis à violência física.
Não podemos condenar o torcedor que beija a repórter e achar divertido quando o jornalista é agarrado por um grupo feminino. Cenas como essas e as denúncias que partem de todos os lados são um alerta de que abuso de poder não tem gênero e precisa ser combatido.
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