Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Pessoas portadoras de vaginas

Eduardo Bolsonaro tem atitudes que mostram que, para ele, as mulheres são indivíduos de segunda categoria

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A fruta não cai longe do pé. Filho de um sujeito que diz que não estupraria uma mulher porque ela é feia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) achou natural se referir a parlamentares como “pessoas portadoras de vaginas”, numa rede social, ao comparar o comportamento de deputadas de esquerda com a “gaiola das loucas”.

A truculência e a falta de respeito com os quais se refere às mulheres mostram que misoginia não é apenas hereditária na família Bolsonaro, mas praticada com a conivência dos membros do Legislativo e com o aval da Comissão de Ética.

O deputado, que defendeu um novo AI-5, acaba de se safar de um processo por quebra de decoro. Se atentar contra a Constituição não é motivo para perder o cargo, tratar com desprezo e preconceito membros do parlamento por conta de seu gênero não deve ser motivo para “mimimi”, como ele se refere às bandeiras feministas.

Eduardo Bolsonaro tem atitudes que mostram que, para ele, as mulheres são indivíduos de segunda categoria. As que não se alinham ideologicamente a ele nem gente são.

O deputado defende a separação por gênero nas escolas, argumenta que a convivência é uma pauta feminista. Afirma que o movimento é apenas uma manifestação de mulheres “querendo ser homens”.

É dele o conceito de que “mulher de direita é mais bonita e mais higiênica”. No plenário da Câmara, mandou uma banana para deputadas de esquerda, sugeriu que “raspassem o sovaco porque dá um mau cheiro do caramba”. Dentro do Congresso. Ao microfone. Com gritos e aplausos de apoio. Se isso não é quebra de decoro, ameaçar as instituições talvez não seja mesmo.

E agora essa: “Parece, mas não é a gaiola das loucas, são só as pessoas portadoras de vagina na CCJ sendo levadas a loucuras (sic) pelas verdades ditas pelo Dep. @EderMauroPA”.

“Pessoas portadoras de vagina” são hoje 51,8% dos brasileiros. Portadoras de vagina são 45,8% dos trabalhadores no país.

Quase metade dos lares são chefiados por portadoras de vagina. Portadoras de vagina são maioria no ensino médico e nas universidades brasileiras.

São as portadoras de vagina a principal força de trabalho na área de saúde. Mas um deputado federal, filho do presidente, num mesmo tuíte, desrespeita deputadas e cidadãs, tripudia sobre as discussões que envolvem questões de gênero e sobre as mulheres trans, e nos tratam todas como se resumíssemos a isso: portadoras de vaginas.

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