A duas semanas da eleição, a hora de mudar o voto é agora. Mas a impressão é que o petista não está preocupado com o resultado do pleito, o petista quer ter razão, quer lavar a roupa suja com antigos críticos do partido.
Diferentemente de Lula, que deixou no passado suas diferenças políticas com Alckmin em nome de uma aliança democrática contra Bolsonaro, a militância, sempre que pode, se dedica a desencavar tuítes e vídeos para mostrar que nem todo mundo é limpinho o suficiente para estar no mesmo lado da trincheira.
Não bastasse ser vítima da covardia bolsonarista, Vera Magalhães virou alvo de eleitores da esquerda que, quando deveriam estar ocupados em virar voto, resolveram cobrar o que eles consideram ser uma dívida dela como profissional. Eu tinha me esquecido que não são só bolsonaristas os que não admitem oposição ao seu político. Mas jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados. Obrigada, Millôr.
O petista não consegue ser solidário com quem não é da patota sem dizer que faz apenas um favor, deixando nas entrelinhas que a vítima merece o que tem sofrido, estimulando com textos cheios de verniz o desprezo a qualquer um que não tenha uma carteirinha do partido.
Alckmin já chamou Lula de ladrão, seu partido votou a favor do impeachment de Dilma. O ex-presidente tratou o agora vice da chapa como "picolé de chuchu", "insosso", "hipócrita", e comparou tucanos a nazistas. Foram inimigos durante décadas, na maior parte do tempo sem civilidade, mas viraram a página.
Alckmin tem sido poupado pela militância, mas o mesmo tratamento não é dado a outros por uma simples razão: o petista não se conforma em perder o protagonismo da luta contra Bolsonaro e se acha o rei das virtudes. Ainda trata eleitores que não decidiram seu voto como fascistas. Vai dar certinho. Na véspera da eleição é só chamar para tomar café com bolo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.