Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Em meio a tristes cenas, como não pensar: os russos, de novo

Competições são canceladas na Rússia; a guerra choca, mas há alguém surpreso?

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​"A situação é grave, e estamos presos em Kiev." Enquanto Júnior Moraes, brasileiro naturalizado ucraniano e atacante do Shakhtar Donetsk publicava a mensagem em sua rede social, bombardeios atingiam várias partes da Ucrânia. O campeonato nacional de futebol acabara de ser suspenso. Atletas se protegiam em um hotel da capital.

Política e esporte se misturam de novo e como sempre. Desta vez, depois que o presidente russo Vladimir Putin invadiu o país vizinho e começou uma guerra sem sentido. Enquanto líderes mundiais anunciam sanções à Rússia, o esporte, em sua maioria, também joga duro.

Houve uma enxurrada de anúncios nas últimas horas. A Uefa saiu na frente com a decisão acertada de retirar de São Petersburgo a final da Liga dos Campeões, marcada para 28 de maio. "Sem chances de haver uma competição de futebol em uma Rússia que invade países soberanos", bradou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. A Inglaterra ainda tem quatro clubes na Champions –Chelsea, Liverpool, Manchester United e Manchester City–, e a chance de um deles chegar à decisão é grande.

A Gazprom Arena, em São Petersburgo, que não vai mais receber a final da Liga dos Campeões - Anton Vaganov - 25.mai.21/Reuters

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, ofereceu a capital inglesa como sede e disse que dar à Rússia essa oportunidade passaria a mensagem errada para o mundo. A Uefa decidiu por Paris. A troca não será problema. Nos últimos dois anos, o local da final mudou em cima da hora por causa da Covid-19. O prejuízo de imagem seria infinitamente maior. Além disso, torcedores poderão viajar para a França em segurança.

A Fórmula 1 anunciou que não é possível realizar o GP de Sochi, em setembro, "nas circunstâncias atuais" (o paddock fala em cancelamento, embora o comunicado oficial não tenha essa palavra). A Federação Internacional de Esqui tirou da Rússia os eventos do restante da temporada. Federações de futebol de Polônia, Suécia e República Tcheca enviaram um comunicado conjunto à Fifa dizendo que não irão à Rússia em março para as eliminatórias europeias da Copa do Mundo do Qatar.

Se viajar para lá é perigoso, ter a imagem associada ao país é extremamente indesejável. O Manchester United encerrou o acordo comercial com a companhia aérea Aeroflot. O Schalke 04 tirou o nome da empresa de energia Gazprom do uniforme.

A guerra deixa mais difícil a vida de jogadores brasileiros que moram na Ucrânia, país visto como porta de entrada para grandes ligas europeias. Desde 2014, quando Putin anexou a Crimeia, o Shakhtar não pode mais jogar em Donetsk. A mensagem de Júnior Moraes é o triste retrato da situação de risco em que se encontram.

Quem é ucraniano e está longe de casa se posicionou. Oleksandr Zinchenko, lateral do City, e a tenista Elina Svitolina postaram mensagens nas redes sociais pedindo união e demonstrando orgulho do país.

Na política ou no esporte, Putin ignora apelos e faz o que bem entende. Não basta a longa lista de polêmicas? O fato de o país estar cumprindo suspensão de dois anos por causa do esquema escabroso de doping coordenado pelo governo nas Olimpíadas de Inverno de Sochi? Não poder competir em Jogos Olímpícos sob a própria bandeira nem ouvir o próprio hino? Ter exposto uma patinadora de 15 anos, Kamila Valieva, no caso mais recente de uso de substância proibida?

Claro que não podemos generalizar e a crítica não é ao país como um todo. Mas, em meio às tristes cenas de guerra, seus efeitos no mundo e, por consequência, no esporte, como não pensar: os russos, de novo.

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