Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Marina Izidro

Desejos para o esporte em 2023

Que a despedida do Rei Pelé nos lembre o que é ser um verdadeiro ídolo

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Em 2023, desejo que as mulheres continuem ocupando espaços no esporte que até bem pouco tempo nem lhes eram oferecidos. Que a participação feminina siga crescendo nas Redações de jornalismo, que tenhamos cada vez mais narradoras, comentaristas, árbitras e assistentes, treinadoras, profissionais em áreas técnicas nos clubes. No ano que se inicia, a Copa do Mundo de futebol feminino na Austrália e na Nova Zelândia trará mais visibilidade, mas que não seja algo pontual e inspire meninos e meninas.

Como o interesse pelo esporte começa na infância, desejo que os pais cada vez mais levem seus filhos e filhas para assisti-lo e praticá-lo. O tal "poder transformador do esporte" não é uma frase feita, realmente existe. Ele ensina às crianças, desde cedo, valores como disciplina, saber ganhar e perder (algo tão importante nos tempos atuais), espírito de equipe, determinação, honestidade, além de contribuir de forma fundamental para a saúde, educação e cultura.

Para que isto aconteça, tenho outro desejo: que nossos governantes invistam no acesso público e gratuito ao esporte, e qualquer medida pode fazer a diferença. Seja conservando uma praça onde é possível praticar exercícios físicos, um campo de futebol, uma quadra de vôlei, uma pista de atletismo, as ciclovias dos bairros, cidades, estados. E que aqueles que têm o poder graças ao nosso voto pensem também em setores como segurança e transporte, para que as pessoas possam ir e levar suas famílias com tranquilidade a estádios, arenas, ginásios.

Desejo uma boa gestão à futura Ministra do Esporte, Ana Moser, que ajudou o Brasil a conquistar a primeira medalha olímpica do vôlei feminino, o bronze em Atlanta em 1996, e que terá o imenso desafio de reconduzir a pasta ao status de ministério depois que ele foi rebaixado a secretaria especial pelo governo. E que o investimento federal não seja focado só no alto rendimento, mas principalmente na base, no esporte escolar, para que assim tenhamos mais chances de ter muitas Anas no futuro.

E como o auge da carreira de um atleta é disputar Jogos Olímpicos ou uma Copa do Mundo, desejo (e este é difícil, eu sei) que organizações e entidades que decidem qual país terá o enorme privilégio de sediar grandes eventos esportivos levem em consideração critérios técnicos, humanos, de sustentabilidade e legado nas suas escolhas, e que não sejam guiados a curto prazo por poder e ganância.

Por fim, o último item da lista de desejos é sobre ídolos. Nesta semana, nos despedimos de um dos maiores deles. Pelé, menino de origem humilde que se tornou um rei através de talento e trabalho duro, transcendeu o esporte e fez mais pela imagem do Brasil do que qualquer governante.

Para muitos de nós que estamos fora do país, é tão reconfortante ouvir um "Pé-lé" com sotaque e sempre seguido de um sorriso quando dizemos que somos brasileiros, como forma de iniciar uma conversa com um desconhecido.

A maioria dos estrangeiros pode não saber falar português, mas o mundo inteiro sabe dizer "Pelé." E esta conexão com o lado do futebol que deu certo nos traz instantaneamente de volta aquele orgulho de ter nascido no Brasil, mesmo em momentos em que duvidamos um pouco disto. Por isso, desejaria que refletíssemos sobre quem "elegemos" como nossos ídolos atualmente, e que eles saibam a responsabilidade do lugar que ocupam, como Pelé sempre fez. Feliz 2023.

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