Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Marina Izidro
Descrição de chapéu atletismo

A Maratona de Londres e o prazer da atividade física

A pergunta não é 'por que eu corro?'; é 'por que eu não correria?'

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"Por que você faz isso com você mesma?", brincava uma amiga quando eu falava que tinha me inscrito em mais uma corrida de rua. Quanto maior a distância, mais a pergunta faz sentido mesmo.

Domingo passado (23), acompanhei a Maratona de Londres bem perto da linha de chegada. Correr 42km não é para iniciantes. Existe um respeito entre os que estão ali. Na reta final da prova, tinha de tudo: os que terminaram sorrindo, chorando, tão exaustos ou com câimbra que precisaram ser carregados, muitos levantaram as mãos para o céu.

Corredores na chegada da Maratona de Londres - Justin Tallis - 23.abr.23/AFP

Ter o "selo" de maratonista te diferencia como corredor amador de todos os outros. Mas essa é mais a consequência do que a causa do "fazer isso com você mesmo" —treinar por meses, seguir planilha, testar tênis, percursos, gel de carboidrato, abdicar da vida social, sofrer de dor. Pode apostar: quem corre, principalmente provas longas, tem uma história que justifica estar ali, consciente ou inconscientemente.

Seja provar para si mesmo que é capaz de superar um grande desafio, ver que pode mais, buscar paz de espírito, conectar-se com a natureza ou com algo superior, entre vários outros motivos.

A corrida apareceu para mim há pouco mais de 15 anos e se encaixou perfeitamente no meu estilo de vida. Jornalista não tem rotina, e correr é fácil: dá para praticar a qualquer hora do dia ou da noite e em qualquer lugar do planeta, basta um bom tênis. Quando fiz 30 anos, fiquei chateada porque achei que estava envelhecendo (bobinha!) e tracei metas para ter um ano incrível, entre elas, correr uma maratona.

Foi a primeira e única vez que corri a distância, em Paris. Quando recebi a medalha, me senti invencível. Pensei: "agora posso fazer qualquer coisa." É uma sensação de conquista realmente única. Já fiz meias maratonas e distâncias menores, e é diferente. No momento, corro para manter a forma, intercalando com outros esportes.

Maratonistas na avenida dos Champs-Elysées, em Paris - Franck Fife - 2.abr.23/AFP

Por que eu corro? Para ter vida e corpo saudáveis. Quem decide ser sedentário vai ter uma velhice com mais sofrimento –se chegar lá. Correr me dá disposição para encarar o dia, meu corpo funciona muito melhor. Faz um bem danado para a mente, é excelente para desestressar, quase como terapia. Eleva minha autoestima e também me faz ver minhas limitações. Ajuda a organizar meus pensamentos e me traz inspiração. Hoje de manhã, por exemplo, pensei em como escrever essa coluna enquanto corria.

E, como adoro comer, correr equilibra a matemática das calorias.

Faço esporte desde bem pequena, fui daquelas crianças que queriam experimentar tudo (obrigada pela paciência, mãe, pai!) e isso virou um vício do bem. Fico mal-humorada se não fizer exercício por mais de três dias seguidos.

As pessoas inventam todo tipo de desculpas para não fazer atividade física –muito trabalho, pouco tempo...mas não sentem culpa em passar horas com os olhos grudados no celular. Já parou para pensar que ficar 1h por dia em redes sociais significa jogar fora o equivalente a 15 dias da sua vida por ano? Ficar deitada no sofá vendo série na TV é realmente uma delícia, mas a "onda" boa do exercício, que bate forte quando ele termina, também. É preciso tentar, ao máximo, escolher a segunda opção.

E é contagiante. Depois de ver o sorriso de felicidade de tanta gente que completou a Maratona de Londres, deu vontade de treinar para uma. Acho que a melhor resposta para a pergunta de "por que eu corro" seria: por que eu não correria?

Corredor manda recado à mãe pouco antes de terminar a Maratona de Londres - Justin Tallis - 23.abr.23/AFP

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