Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Derrota da Inglaterra para o Brasil em Wembley coloca sombra sobre otimismo para a Eurocopa

Por este roteiro os ingleses não esperavam

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"A Inglaterra deve vencer o Brasil e isso mostra o quão longe chegaram", dizia a manchete do jornal britânico The Telegraph deste sábado (23), chamando ainda a seleção brasileira de "frágil e inexperiente."

No The Guardian, o título da reportagem sobre o amistoso contra a Inglaterra dizia que a seleção brasileira estava "ferida." No texto, que era uma equipe "em crise existencial, com problemas de identidade, cujo povo tem dificuldades de se enxergar no time, com estrelas em clubes europeus —longe, desconectados." Além de citar desfalques como Alisson, Ederson, Marquinhos, Casemiro e Neymar (pelo menos lembraram que os ingleses também tinham uma lista de lesionados).

Seis jogadores da Inglaterra cabisbaixos no campo
Jogadores ingleses lamentam após Endrick marcar pelo Brasil em amistoso no estádio de Wembley - Peter Cziborra/Action Images/Reuters

É fato que o torcedor se afastou da seleção brasileira nos últimos anos, em uma mistura de maus resultados com contexto político. E sim, no futebol, a linha entre confiança e arrogância por aqui é tênue às vezes.

Na Inglaterra, as horas antes do jogo em Wembley tiveram esse contexto meio provocativo. Na véspera, um repórter inglês perguntou a Danilo na entrevista coletiva se o Brasil chegava como a equipe mais fraca, citando que os anfitriões estão em terceiro no ranking da Fifa e, os rivais, em quinto. "Essa é sua opinião," respondeu o capitão.

O que os ingleses sabem sobre sucesso no futebol de seleções, você pode se perguntar, já que, no masculino, só têm um único título internacional, a Copa do Mundo de 1966, do qual muitos nem se lembram mais? Fato é que essa partida tinha uma importância enorme para a Inglaterra.

Mesmo sem craques como Harry Kane e Bukayo Saka, lesionados, uma vitória em Wembley em cima de um rival histórico daria a sensação de estarem no caminho certo. Que o trabalho de mais de sete anos do técnico Gareth Southgate com uma geração talentosíssima tem cada vez mais chances de ser coroado com um troféu neste ano, na Eurocopa. Além da oportunidade de retribuir o carinho do torcedor inglês —cuja relação com sua seleção é a melhor em décadas— em um Wembley lotado, com ingressos esgotados em menos de 24 horas.

Foi o 27º encontro entre os dois países, com apenas quatro vitórias da Inglaterra. O último, em 2017, também em Wembley, foi um empate em zero a zero. Eu estava no estádio cobrindo aquele jogo que para alguns ingleses teve gosto de vitória, já que eles ocupavam a 12ª posição no ranking mundial. Meses depois, a Inglaterra chegou às semifinais da Copa do Mundo da Rússia, depois à final da Eurocopa e às quartas de final do mundial do Qatar. A seleção de hoje é diferente daquela de quase sete anos atrás, mais experiente e confiante.

Chegando a Wembley desta vez, de onde escrevo esta coluna, ao ver o clima eletrizante na entrada das equipes em campo, imagino o quanto deve ser emocionante para um atleta jogar aqui. A mística do estádio realmente existe.

Em um jogo com chances desperdiçadas dos dois lados, o que se viu foi uma Inglaterra um pouco sem sal, principalmente no ataque. Até que Endrick, que veio do banco, fez 1 a 0 para o Brasil e silenciou grande parte dos 83 mil presentes. Marcar em Wembley aos 17 anos é honra para poucos. Poderia ter feito mais um no último lance, não fosse a defesa de Jordan Pickford.

A seleção inglesa agora enfrenta a Bélgica na terça-feira (26), em Londres. A três meses do campeonato europeu, principal competição do ano para eles, esta é uma seleção que ainda quer encontrar seu caminho e cicatrizar feridas.

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