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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Aumento de capital na Eletrobras poderá ser maior que o previsto

Valor pode chegar a cerca de R$ 60 bilhões, segundo pessoas próximas às negociações

Aumento de capital da Eletrobras pode chegar a R$ 60 bilhões
Aumento de capital da Eletrobras pode chegar a R$ 60 bilhões - REUTERS
Maria Cristina Frias

O aumento de capital da Eletrobras que visa à privatização da companhia, poderá ser maior que o estimado inicialmente, em torno de R$ 35 bilhões, e chegar a cerca de R$ 60 bilhões, segundo pessoas próximas às negociações.

Apenas uma parte desse valor, cerca de R$ 12 bilhões (da previsão de R$ 35 bilhões) iriam para o Tesouro Nacional. Os outros dois terços deverão ser destinados a baixar o custo da energia, reduzindo encargos, e o outro será o valor da outorga. 

Fala-se em cerca de R$ 30 bilhões, e em R$ 60 bilhões, concorda uma pessoa que participa das discussões pelo lado do governo federal. Mas dependerá também se incluirá a usina de Tucuruí, maior geradora de energia, lembra ele.

Nesse caso, esses R$ 12 bilhões poderiam ir para R$ 18 bilhões, estima ele.

Uma das variáveis mais importantes é se o apetite do investidor será maior ou menor que a dívida da companhia. 

Se não conseguir resolver o  GSF (relação entre o potencial da usina para gerar energia e quanto ela realmente produz), essa demanda poderá cair porque é um fator relevante para o consumidor e a Eletrobras. Se não for resolvido, a privatização ainda poderá sair, mas por valor menor. 

A conta não está definida, mas no cenário atual, R$ 10 bilhões para cada uma das três partes (União, estatal e consumidores) é o mais atual, opina outra pessoa que participa das conversas. 

A desestatização será feita por subscrição de ações ordinárias. Ao final, a União terá menos de 49,9% das ações da empresa com direito a voto.

 

Empresas se interessam por alternativa à arbitragem

Mais empresas têm se interessado em incluir em contratos uma espécie de roteiro a ser seguido caso haja algum conflito no futuro, segundo escritórios de advocacia.

O chamado negócio jurídico processual permite, na Justiça comum, que as partes definam entre si regras para eventuais disputas, antes ou durante o litígio.

É uma alternativa mais barata do que recorrer a câmaras de arbitragem, afirma Marcia Cunha, do Veirano.

“Pode-se colocar um piso: se uma discussão por exemplo, tiver valor abaixo de R$ 3 milhões, as partes vão para a Justiça comum e acordam resolver em primeira instância.”

Há mais interesse em contratos longos, como os de infraestrutura, diz Helena Abdo, do Cescon Barrieu. “É possível definir aspectos como o perito, em caso de disputa. É útil na fase de contratação, quando há mais cooperação.”

O negócio jurídico processual se tornou viável com o novo Código de Processo Civil, em vigor há dois anos.

Muitas companhias ainda se dizem inseguras em utilizá-lo e alegam que há poucos exemplos concretos, diz Felipe Galea, do BMA.

Os casos com essa modelagem ainda são poucos, mas foram bem recebidos pelo Judiciário, diz Cunha, do Veirano. “Não deu tempo de ter conflitos na maioria dos casos em que foi usado.”

 

Lotes em baixa

O total de loteamentos urbanos protocolados no Grapohab, órgão da Secretaria de Habitação de São Paulo responsável por aprovar projetos de condomínios e lotes no estado, caiu 10% em 2017.

Foram apresentados no ano passado 866 planos, contra 966 em 2016. O número sofre baixas desde o início da crise.

“Parte ainda é efeito da crise, porque a aprovação pode levar anos. Para chegar à Secretaria um pedido precisa ter a parte de saneamento pronta, o que é moroso”, diz Ciro Scopel, presidente do conselho da Aelo (do setor).

Um projeto leva, em média,  entre 18 e 24 meses para cumprir os requisitos mínimos para ser liberado, segundo o executivo.

“A queda no número de lotes aprovados é menor. Com a retomada econômica e a redução dos juros, projetamos uma recuperação do setor e eventualmente mais lançamentos”, afirma o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary.

 

Aporte digital

O grupo Manserv, de serviços terceirizados, vai investir R$ 40 milhões em tecnologia neste ano.

O aporte equivale a 1,5% do faturamento previsto para 2018 e será utilizado para criar novas ferramentas e reduzir custos, diz Ricardo Moreira, presidente da Manserv Facilities.

“Não desenvolvemos produtos que ficam prontos em dois ou três anos, mas melhorias operacionais. Não há um só grande projeto.”

Parte do investimento irá para um aplicativo que centraliza os chamados de clientes e permite atender demandas com menos funcionários e recursos.

“Temos percebido sinais de retomada maiores nas indústrias de bens de consumo e na automotiva. Prevemos crescimento de 28%”, diz Moreira.

R$ 2,2 bilhões
foi a receita em 2017 no país

 

Nuances do comércio

O comércio foi o setor que mais demitiu no começo de 2018. Nos dois primeiros meses, foram cerca de 74 mil postos fechados, de acordo com dados do Caged.

Os comportamentos dos segmentos varejista e atacadista, no entanto, foi distinto: enquanto o primeiro perdeu vagas, o segundo criou.

É natural que demissões aconteçam após o fim do período de vendas de fim de ano, diz Jaime Vasconcellos, economista da FecomércioSP.

“O emprego no setor atacadista dos dois primeiros meses foi puxado pela venda de insumos agrícolas.”

O setor que mais contratou foi o de ensino, também influenciado por sazonalidade: 51 mil postos nos dois primeiros meses, devido a contratações de começo de semestre.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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