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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Câmbio leva à tempestade perfeita no varejo de moda

30% do portfólio dos associados da ABVTex é importado

A alta recente do dólar, cotado a mais de R$ 4 desde o fim de agosto, ocorreu no pior momento possível para o varejo de vestuário, segundo a ABVTex, que representa grandes redes de moda como Renner, C&A, Riachuelo, Marisa e Zara.

A desvalorização do real afeta duplamente o setor. Em um primeiro momento, no pagamento de tributos da coleção de primavera e verão, que começa a chegar ao país, de acordo com Edmundo Lima, presidente-executivo da entidade.

Interior de loja de roupas - Alberto Rocha - 16.fev.18/Folhapress

Além disso, coincide com a época de encomendas feitas para o inverno de 2019.

“Cerca de 30% do portfólio [dos associados] é importado. A volatilidade da moeda dificulta fazer projeções do que será comprado com uma antecedência de 6 a 9 meses.”

Produtos importados têm uma participação ainda maior nas vendas de inverno porque a produção local de roupas de frio com material sintético e alguns tipos de calçados é reduzida, afirma Lima.

“As tarifas de importação para vestuário e calçados estão no patamar mais elevado, de 35%, mesmo em categorias pouco fabricadas aqui.”

Apesar do impacto negativo nas vendas neste ano devido a eventos como um inverno pouco rigoroso, a paralisação dos caminhoneiros, a Copa e as eleições, a expectativa é ao menos manter os resultados de 2017, segundo ele.

A entidade não quantifica as projeções e resultados. “O mês de agosto foi bom. A preocupação agora é com as frentes frias que têm aparecido na entrada da coleção de primavera e verão.”

 

Antes das eleições

O número de lançamentos de PPPs (parcerias público-privadas) neste ano subiu 8% em relação a 2017, puxado principalmente por contratos de iluminação pública de municípios.

Os dados são da Radar PPP e são comparações do período de janeiro a agosto.

Os editais variam muito de acordo com o calendário político, e faz sentido comparar a quantidade de parcerias publicadas há quatro anos, segundo Guilherme Naves, um dos sócios da Radar PPP. 

“No último ano de eleições para presidente e governador, 2014, foram lançadas 72 PPPs antes do começo da campanha. Neste ano foram 203.”

A alta evidencia que as parcerias têm sido uma ferramenta de financiamento à infraestrutura em um momento de restrição fiscal, de acordo com Naves.

O segmento de iluminação não é o que tem mais contratos, mas nesse setor o número aumentou de 2010 para cá, depois de uma resolução da Aneel que passou a obrigação às prefeituras.

 

Transporte público na bolsa

A Autopass, de cartões de pagamento de tarifa de transporte público, contratou um banco para auxiliá-la em um processo de IPO (abertura de capital) previsto para o prazo de um ano, segundo um executivo da financeira.

O momento econômico vai ser importante para determinar se isso vai acontecer nesse tempo. A oferta deverá ser de cerca de R$ 500 milhões, diz o consultor financeiro.

O sucesso de alguns projetos serão determinantes para o IPO, de acordo com Rubens Fernandes Gil Filho, diretor-executivo da empresa.

A empresa assinou um memorando com uma adquirente (companhia que efetua transações financeiras).

A ideia é oferecer um cartão híbrido, que vai servir para transporte, mas também permitirá compras.

“Pretendemos convencer estabelecimentos comerciais próximos a terminais de trem e ônibus a ter as máquinas que aceitarão a bandeira.”

Há uma negociação com um banco para um cartão com função de débito, para facilitar a carga de valores para serem usados no transporte, e foi firmada uma parceria com uma seguradora. Serão aportados R$ 10 milhões nos projetos.

 

Empresa de estacionamento negocia compra para crescer

A administradora de estacionamentos Indigo, que pertence à francesa Vinci, negocia uma aquisição com três redes menores, de até 50 operações, em São Paulo e Rio Grande do Sul. A ideia é fechar apenas uma compra, ainda neste ano.

“Até agora, nosso crescimento no país foi orgânico, com investimentos anuais em torno de R$ 100 milhões a 150 milhões. Com esse plano, o valor sobe para R$ 300 milhões”, afirma o presidente da companhia no país, Fernando Stein.

“A ideia é diversificar nossa oferta de pontos. Vamos comprar só uma das três empresas e fazer o processo de incorporação em 2019. Não temos interesse na razão social das empresas, e sim na localização dos estacionamentos.”

A empresa, que administra hoje 200 operações em 19 estados, estima alta de aproximadamente 40% em sua receita bruta neste ano. O Brasil é o terceiro maior mercado da multinacional, que atua em 15 países.

R$ 550 milhões
foi o faturamento em 2017

3.000
são os funcionários

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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