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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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'Bolsa empresário' não elevou taxa de investimento do Brasil, diz estudo

Levantamento comparou dados brasileiros com os de outros países

Maria Cristina Frias

O PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que durou de junho de 2009 a dezembro de 2015, não fez as taxas de investimento do Brasil aumentarem, sugere um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Os três economistas autores do documento, Roberto Ellery Júnior, Antônio Nascimento Júnior e Adolfo Sachsida, compararam dados brasileiros com os de outros países.

Caminhões no pátio de fábrica em São Bernardo do Campo (SP) - Paulo Whitaker - 2.ago.15/Reuters

Sachsida, além de ser do Ipea, é um dos colaboradores de Paulo Guedes na campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

O contexto da criação do PSI era de baixa de investimentos por causa da crise de 2008.

Há literatura econômica que justifica um aumento dos gastos do governo em momentos como aqueles para evitar um aprofundamento de crises, afirma Ellery.

“Vários países fizeram isso, mas nenhum usou tanto o mecanismo como o Brasil.”

O estudo compara desempenhos das taxas de investimento de outras nações, que não fizeram aportes tão grandes como as do Brasil.

“A saída daquela crise foi mais comum do que se poderia imaginar em um primeiro momento”, diz Ellery.
O programa, que ficou conhecido como “bolsa empresário”, no entanto, teve efeitos negativos na economia, segundo o economista.

Um deles foi a antecipação de investimentos que exauriu os aportes nos anos seguintes. Outro foi uma má alocação de capital.

“Um empresário poderia ter planos para comprar uma frota de carros, mas se linhas de crédito eram para caminhões, ele mudava o projeto. Essas escolhas erradas podem ter um efeito fatal na economia.”

 

Um prazo de 20 anos

 

A rede francesa de hotéis B&B tem planos para investir R$ 100 milhões nos próximos três anos no Brasil.

A empresa quer abrir 25 novas unidades por meio de parcerias com sócios.

Para construir hotéis, ela faz contratos com outras empresas, que ficam responsáveis pelos edifícios.

Assim que o prédio fica pronto, a rede aluga a unidade e entra com seus móveis e equipamentos.
Esse tipo de arranjo é conhecido no mercado pela expressão em inglês “built to suit” (construído para caber, em tradução aproximada).

A B&B gerencia o hotel e fica com a receita, e a empresa que constrói o prédio fica com a receita do aluguel.

A ideia é fortalecer a rede hoteleira a longo prazo, segundo Olivier Coustet, diretor-executivo da B&B no país. Os retornos podem acontecer em até 20 anos, como foi na Alemanha, afirma.

Há espaço no mercado, diz: “Há 2,7 quartos de hotéis para cada mil habitantes no Brasil. Se tirarmos desse número os hotéis pequenos, com menos de 20 quartos, fica abaixo de 2”.

 

Banco da Paccar deverá iniciar operação no 1º semestre de 2019

A Paccar, que controla a DAF Caminhões, deverá iniciar a operação de seu banco no Brasil ainda no primeiro semestre do ano que vem, segundo João Petry, executivo que chefiará as operações da instituição financeira no país.

“Tivemos a aprovação do projeto e estamos no momento de implementação da estrutura do banco. Em março, receberemos uma equipe de auditoria do Banco Central, que é o último passo [antes do início da operação]”, diz.

O capital inicial é de R$ 100 milhões. Cerca de 30% desse montante será empregado na estrutura da empresa, instalada em Ponta Grossa (PR).

A marca, que concederá crédito para a compra de veículos produzidos pela DAF, atuará inicialmente em duas frentes: financiamento de estoque para concessionárias e de caminhões a pequenos compradores.

“Cerca de 80% das vendas de caminhões é feita via financiamento e vemos o mercado com otimismo. Teremos uma estrutura enxuta e,  conforme a carteira se expandir, atenderemos mais clientes médios e corporativos.”

US$ 19,45 bilhões
(R$ 72,67 bi) foi a receita global da Paccar em 2017

1.600
é o total de caminhões da DAF licenciados no país entre janeiro e setembro de 2018

 

Aporte parceiro

A indústria de petróleo foi a que mais investiu em projetos de pesquisa em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), afirma o diretor-geral, Rafael Lucchesi.

Foram R$ 111 milhões aportados em desenvolvimento de tecnologias nos últimos cinco anos.

Empresas do setor são obrigadas por lei a destinar um percentual de sua receita a iniciativas no país, mas essa não é necessariamente a fonte de recursos, segundo Lucchesi.

“Não trabalhamos com um modelo ofertista, em que as companhias colocam dinheiro no Senai só porque foi aprovado por um ente público. Somos parte da estratégia de negócio delas”, diz ele.

O segundo setor que mais investiu foi o petroquímico (R$ 69 milhões), seguido por mineração (R$ 36 milhões) e indústria de transformação (R$ 33 milhões).

 

Aos candidatos
Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib (associação da infraestrutura e das indústrias de base)

Definir como a crise fiscal do país será resolvida é uma demanda que parece genérica, mas é prioritária para a infraestrutura no Brasil, segundo Venilton Tadini, presidente da Abdib (do setor).

“Se dobrássemos o que o setor privado aporta hoje não teríamos nem o necessário para recuperar a depreciação do que já existe”, diz ele.

“Sem retomar a capacidade de investimento do setor público, podemos ter um marco regulatório maravilhoso e até ótimas condições de financiamento, mas vão faltar projetos.”

Outras demandas da indústria de base são a redução do número de alterações em editais por órgãos reguladores e maior facilidade para promover desapropriações.


Propostas do setor de infraestrutura para os presidenciáveis

  • Unificação de legislação ambiental para acelerar licenciamento 
  • Uso de critérios técnicos para nomeação em agências reguladoras

1,7 %
do PIB foi investido em infraestrutura em 2017

R$ 23 bilhões
de investimentos estão represados devido a fiscalização ou insegurança jurídica

Fonte: Abdib

 

Vendas... É no marketing que as micro e pequenas empresas mais pretendem investir, sugere estudo do Insper com o Santander. Um quarto delas tem planos para aumentar os aportes nesse tipo de estratégia.

...e produção O setor de indústrias é o que têm menos planos para investir nos próximos meses: 21% delas não farão aporte nenhum. No comércio, essa porcentagem é de 18%, e em serviços, menos de 10%.

Líquido A Tial, empresa do grupo Pif Paf, fez um investimento da ordem de R$ 15 milhões em expansão fabril e novas linhas de sucos. Ela desenvolveu embalagens e sabores, com ênfase em produtos com apelo saudável.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas

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