A minha coluna "O sexo das mulheres mais velhas" viralizou nas redes sociais e fez muito sucesso no site da Folha.
Como sempre escrevo sobre o tema, fiquei me perguntando: Por que essa coluna "bombou" mais do que as outras?
Recebi dezenas de comentários dos leitores, quase todos de homens casados. Achei intrigante a presença do advérbio "ainda" nas mensagens, como se a prática prazerosa do sexo fosse um privilégio exclusivo dos mais jovens.
"Tenho 73 anos e minha esposa tem 69. Já fizemos bodas de ouro, temos três filhos e oito netos. Ainda temos uma vida sexual bastante ativa. Sem Viagra, lógico. A frequência não é a mesma do início, mas o sexo ainda é muito bom. Minha mulher fica se vangloriando porque as amigas dela não gostam mais de transar. Mas será que gostavam antes de ficarem velhas? Acho que a velhice foi só uma desculpa para elas poderem se aposentar do sexo."
"Eu ainda tenho muito tesão na minha mulher, mas ela não quer mais saber de sexo. Eu me sinto rejeitado, desprezado. Ela fica irritada comigo, acho até que me odeia quando eu quero transar. Eu não quero ser infiel, pois amo muito a minha mulher e ainda sinto tesão por ela."
São muitas as pesquisas que afirmam que o brasileiro é o "campeão do sexo": o povo mais ativo sexualmente do mundo, o que mais tem parceiros sexuais ao longo da vida, o que faz sexo três vezes por semana em média etc.
Esse quadro é bem diferente do que encontro nas minhas pesquisas. Muitas mulheres e homens reclamam que não sentem mais tesão, que não conseguem atingir o orgasmo com o parceiro, que perderam a libido, que têm medo de falar sobre o que gostam na cama, que têm vergonha do próprio corpo, que se tornaram invisíveis, que estão frustrados sexualmente.
Será que essa profunda insatisfação e miséria sexual explicam o sucesso da minha coluna campeã de 2019?
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