Recebi centenas de mensagens sobre a coluna "Você já foi xingado de cagão?". Os leitores contaram que estão sendo xingados de cagões, paranoicos, neuróticos, covardes, bananas, otários e coisas piores por cumprirem os protocolos de cuidado e proteção recomendados pelos médicos e cientistas.
“No dia 14 de março fui fazer compras no supermercado. Uma senhora me interpelou com a maior agressividade: ‘Por que você está usando máscara? Está contaminado? Não sabe que máscara é só para quem está doente?’. As pessoas ao redor riram e fugiram da doida que não parava de gritar. Tive medo de apanhar dela. É uma total inversão de valores: quem faz tudo correto está sendo hostilizado.”
“Minha filha me chama de cagão e paranoico porque não saio de casa e não deixo ninguém entrar aqui. Ela quer que eu tome conta dos filhos dela para poder ir à praia e ao shopping com as amigas. E ainda faz chantagem emocional, quer que eu me sinta culpado por dizer não e colocar limites. É tão egoísta que só se preocupa com o próprio umbigo, mesmo sabendo que sou do grupo de risco.”
“Meu apelido na família é cagonoia. No domingo meu cunhado fez um churrasco para a família. Eu não fui. Até os vizinhos reclamaram da aglomeração e do barulho. Sou o único que está respeitando as recomendações de distanciamento e de uso de máscara. Virei o palhaço da família, adoram ficar debochando de mim. Acham que sou exagerado e dramático porque tenho pavor do vírus e quero proteger a vida e a saúde de todos.”
Depois de receber tantas mensagens dos cagões assumidos, criei a hashtag #eutambémsoucagão. Saber que não estamos sozinhos nos nossos medos e sofrimentos pode ajudar a ter força e coragem para continuar combatendo os sociopatas genocidas que viralizam no país. Muito obrigada aos cagões que estão cuidando de todos nós. Tamojuntos! Cagões unidos, jamais serão vencidos!
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