Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Caso do roubo de fotos hoje é 'lembrança boa', diz Carolina Dieckmann

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"Ana! Ana! Bate um mate pra mim?", pede Carolina Dieckmann à empregada de sua casa no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro.

Enquanto espera a bebida, a atriz de 39 anos explica como tem conseguido, ao mesmo tempo, morar nos Estados Unidos e trabalhar no Brasil –ela se mudou para Miami em 2016 por causa do trabalho do marido, o executivo Tiago Worcman, mas continua participando de produções por aqui.

A minissérie "Treze Dias Longe do Sol", por exemplo, foi filmada em meio a suas idas e vindas ao país: 20 dias aqui, uma semana lá, e assim por diante. O resultado, uma trama sobre nove pessoas soterradas pelo desabamento de um prédio, vai ao ar a partir de segunda (8), na Globo.

"Tá tudo num tempo normal, como se eu estivesse morando aqui", conta ela ao repórter João Carneiro, ao mesmo tempo em que se escuta um ruído de liquidificador vindo da cozinha. O refresco logo chega, coberto de uma camada generosa de espuma.

Ela conta que se mudou para Miami "por amor", mas, para aproveitar a cidade, faz cursos em inglês (de neurociência, física quântica e aquarela) e anda só de bicicleta. "A vida pra mim é isso: é você pegar todos os limões e ir fazendo as suas limonadas, entendeu?", diz, enquanto bebe o mate.

Na passagem mais recente pelo Brasil, ela acompanhou a formatura do filho mais velho, Davi, 18, no ensino médio. "Caramba, nos últimos três dias eu não sei te dizer tudo que mudou na minha vida. Porque ver um filho se formar... é grande!".

Davi é fruto do casamento dela com o também ator Marcos Frota, que durou até 2003. Ele preferiu terminar seus estudos no Brasil e passou a morar com o pai quando Carolina se mudou. Ela diz que ficou "muito desesperada", mas achou que ele "tinha um argumento". E tatuou o nome do primogênito no punho quando se separaram. Já José, 10, do casamento com Tiago, foi para Miami.

Mãe aos 20 anos, ela diz que ter o primeiro filho foi "avassalador". "Eu fiquei maluca. Fiquei 15 dias sem dormir [quando ele nasceu]. Chegou uma hora em que meu médico falou: 'Vou ter que te dar um remédio'. Ele me dava, saía do quarto e eu cuspia o remédio."

"Eu não conseguia dormir, porque eu falava: 'Meu Deus do céu, como é que eu fiz isso tão perfeito? E ele tá respirando sozinho, ele mama no peito e dá tudo certo! Caramba!'. Eu fiquei maluca de amor", diz. "Com o segundo filho, eu já dormi! Entendeu?", completa, rindo.

Entre os dois filhos, houve a separação de Marcos Frota. Em uma entrevista à coluna em 2008, a atriz disse que seu "castelo cor-de-rosa estava desabando" durante o divórcio. Desde então, diz, o castelo "se reergueu". "Fui muito feliz nos últimos dez anos. [Vivo] um casamento inacreditável de bonito, de forte, de presente, que respeita e fortalece muito o indivíduo."

"Já falei milhões de vezes que me separar foi a coisa mais triste que me aconteceu. Eu era uma menina cheia de sonhos e me casei para sempre. Quando eu vi que aquilo não era para sempre, fiquei muito decepcionada. Falei: 'Caramba, eu não combinei isso com ninguém!'."

Já os últimos dez anos foram "uma reconciliação com os combinados que você faz com a vida". "Mesmo as dores... Quando a dor vem e você já tá mais sambada com a vida, ela tem um outro sabor. Ela é boa. Ela faz você entender que é através dela que você aprende, que você cresce."

Em 2012, Carolina viveu o drama de ter fotos íntimas roubadas por hackers, que exigiram dinheiro para não divulgá-las. Ela não cedeu e as imagens foram publicadas na internet. O processo se arrasta na Justiça até hoje.

O caso teve como desdobramento a aprovação de uma lei contra a invasão de computadores que ficou conhecida com o nome da atriz, mas, ironia do destino, ela não pode usá-la a seu favor, já que os fatos ocorreram antes de a norma entrar em vigor. Dias antes desta entrevista, ela prestou mais um depoimento. Após a audiência, o juiz a chamou de lado: "Seu advogado explicou que você não vai poder usar sua lei, né?"

"Achei tão bonitinho o juiz falar isso!", diz, entusiasmada. "Falou da lei como minha! Tão simbólico, tão bonito!"

"Assim, sinceramente? Eu já ultrapassei essa história. A parte bonita já superou em muito a parte ruim. Ela para mim, hoje em dia, é uma lembrança boa. Algo que... é mais uma limonadinha que a gente fez com o limão!", diz, aos risos.

Ela conta que tem "um certo orgulho" de ter agido "como uma cidadã" e de "ter sido presenteada" com o desdobramento na lei. "Não acesso mais as memórias ruins, só as boas."

Questionada se já sofreu assédio durante a carreira, despista: "Não, é... É difícil, né? É tão difícil hoje responder qualquer coisa. Você já pensa: vou ser atacada. O que eu acho é que tá tudo muito polarizado. E eu não acredito que esse seja o caminho".

"Eu acho que o fato de se estar discutindo muito sobre feminismo, assédio, tudo isso, é super importante. A gente tem milhões de avanços para fazer. Mas a maneira... A raiva das pessoas, o ódio, nisso tudo eu não acredito. Eu não falo muito sobre esses assuntos por isso. Porque alguém vai me odiar pelo que eu falei, e eu não quero". diz.

"Você pensar diferente de outra pessoa já é motivo pra neguinho te apedrejar!", afirma, e emenda: "Falei 'neguinho' [mas] nem sei se pode! Afrodescen... Não sei! Hoje em dia é assim, entendeu? Você toma porrada o tempo inteiro! E não é pra gente tomar porrada, é pra gente se entender, se amar!", conclui.

O assunto volta a ser a maternidade. Ela diz que tem vontade de adotar uma criança, mas o marido gostaria de ter mais um filho biológico. "Isso é um probleminha [rindo], porque ele quer muito e eu não tenho tanta vontade de engravidar de novo."

"É muito legal você ter um filho [biológico], mas é meio que um pensamento [parecido] com essa coisa de você comprar cachorro, sabe? E ficar dando dinheiro pra canil em vez de adotar um filhote que já está aí e que precisa de amor e cuidado."

Já em relação à permanência em Miami, ela não faz planos. Não tem data "nem pra ir, nem pra voltar". Diz também que uma carreira internacional "pode rolar", mas não é algo em que pense. "Eu gosto muito de trabalhar. Mas eu nunca tive isso: 'Ah, meu próximo trabalho vai ser isso'. Eu sou lema Zeca Pagodinho: 'Deixa a vida me levar'."

Hora das fotos."Ana!", chama, meio brava e meio de brincadeira, quando não consegue abrir uma porta para o quintal, e reclama do hábito da empregada de trancar todas as fechaduras.

A porta acaba abrindo, e Ana, que passa a observar as poses da atriz, pergunta se um dos equipamentos do fotógrafo serve para "alumiar" a cena. "I-lu-mi-nar!", corrige Carolina. As duas riem.

Antes de se despedir, a atriz ainda oferece um bolo, elogiando a sobremesa feita pela funcionária, de "chocolate, brigadeiro, mais chocolate e mais brigadeiro". Enquanto o repórter e o fotógrafo comem, Carolina toma mais um mate.

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