Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Coronavírus

Diretório estudantil da USP diz que reitoria tem 'se omitido' e 'colocado a comunidade em risco'

Caso de coronavírus em aluno da universidade levou a suspensão de aulas

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O Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE-USP) afirma que a reitoria da USP "tem se omitido" ao prestar esclarecimentos sobre medidas de prevenção contra o novo coronavírus e afirma ver ameaçada a autonomia universitária da instituição "por interesses políticos do governador João Doria, que prefere contrariar recomendações sanitaristas da OMS e intervir nas deliberações internas às universidades".

"Ao se curvar diante desse capricho, a administração da USP coloca toda a comunidade em risco", afirma o órgão em nota divulgada nesta quinta (12). "Esperamos que USP neste momento delicado tenha a consciência de que uma paralisação breve porém imediata pode evitar uma longa paralisação futura com danos diversos. A suspensão das atividades na Universidade de São Paulo é uma questão de saúde pública."

Na quarta (11), um caso confirmado de coronavírus em um aluno do curso de geografia na instituição levou à suspensão de aulas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, situado no campus da USP na zona oeste da capital paulista.

No mesmo dia, o Doria afirmou não descartar a possibilidade de suspender as aulas na universidade por conta da confirmação do caso.

Questionado pela coluna por mensagem de WhatsApp se haveria chance de a USP parar, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou: "Vamos avaliar até amanhã". Em seguida, completou: "A decisão será da Central de Contingência, sob o comando do [infectologista] David Uip. Amanhã ao meio-dia faremos uma coletiva de imprensa, no Palácio dos Bandeirantes, sobre o tema". ​

Leia a íntegra da nota do DCE-USP abaixo:

"AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E CORONAVÍRUS

Desde terça-feira (10), a Universidade de São Paulo foi tomada por rumores de que um dos alunos teria sido infectado pelo COVID-19, o novo Corona Vírus. O Reitor da USP, Vahan Agopyan, informou no último Conselho Universitário, também na terça-feira, que iria tomar as medidas necessárias para proteger a comunidade da USP junto ao superintendente de saúde. Ontem (11), o primeiro caso na Universidade foi confirmado, de um aluno que compareceu à sua aula no período da noite, entrando em contato com diversos colegas. Até agora não há um posicionamento nítido da reitoria em relação a isso.

Diante de uma pandemia, deve-se evitar o pânico e a disseminação do medo, mas acima de tudo é necessário que as instituições ajam com responsabilidade. Enquanto universidades ao redor do mundo tomam medidas preventivas sérias, a USP tem se omitido atrás de notas vagas. Tampouco a universidade organizou uma estrutura que desse conta de informar e atender a comunidade universitária. Ao contrário, este mesmo aluno infectado relata que teve o atendimento negado pelo Hospital Universitário. Neste contexto, o Hospital deveria cumprir um importante papel de conscientização e orientação. Embora seja um episódio histórico muito particular, esta crise deve representar um alerta à população da importância do HU e das consequências drásticas da política de desinvestimento.

O perigo apresentado pelo COVID-19 é sua alta capacidade de transmissão. Uma publicação da NewScientist aponta que pessoas que já entraram em contato com o COVID-19 podem infectar outras pessoas por cerca de 20 dias. Ainda que a letalidade seja baixa para a faixa etária da maior parte do corpo discente, o nível de contágio é bastante elevado. Ademais, devemos ter responsabilidade com os muitos frequentadores da universidade que pertencem ao grupo de risco.

A negligência e a falta de posicionamento não são próprios de uma instituição de pesquisa. O terraplanismo científico que nega a gravidade do problema e se preocupa mais com a repercussão econômica do que com a transmissão entre os pares é digno de repúdio. O Reitor tem autonomia para gerir a USP. Nos assusta que essa autonomia seja ameaçada por interesses políticos do Governador João Dória que prefere contrariar recomendações sanitaristas da própria OMS e intervir nas deliberações internas à universidade. Ao se curvar diante deste capricho, a administração da USP coloca toda a comunidade em risco.

Nesse sentido, o DCE Livre da USP Alexandre Vanucchi Leme solicita informações e atualizações constantes da Reitoria, bem como uma posição firme diante da irresponsabilidade do Governo do Estado. Esperamos que USP neste momento delicado tenha a consciência de que uma paralisação breve porém imediata pode evitar uma longa paralisação futura com danos diversos. A suspensão das atividades na Universidade de São Paulo é uma questão de saúde pública. A autonomia Universitária existe para que as decisões tomadas internamente sejam de interesse amplo da USP e não pautadas por pressões externas."

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