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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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'A luta continua, mas a vida tem que continuar também', diz Adriana Esteves

Aos 51 anos, atriz comenta o retorno da novela Amor da Mãe, fala sobre internação de Marco Ricca e relembra sucesso de Carminha

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São Paulo

Desde a decisão da TV Globo, em março de 2020, de interromper as gravações dos folhetins que estavam no ar, Adriana Esteves tem se guardado para o desfecho de Thelma, sua personagem na novela das nove da emissora, “Amor de Mãe”.

“Como atriz, eu não consegui fazer nada. Dentro de mim a minha energia estava ainda guardada para a personagem de ‘Amor de Mãe’”, conta. “Teve um determinado momento em que a vontade era muito grande de voltar a trabalhar e [havia] um certo receio de a novela, por alguma decisão empresarial, não ter fim. E isso foi dando uma saudade, uma frustração, um receio.”

As gravações da parte final da trama foram finalizadas em 16 de novembro passado. Mas foi só neste mês de fevereiro que a novela ganhou uma data para voltar ao ar: a próxima segunda (1º), quase um ano depois da pausa por causa da Covid-19.

A atriz Adriana Esteves em sua casa no Rio de Janeiro
A atriz Adriana Esteves em sua casa no Rio de Janeiro  - Sergio Zalis/Globo

“Quando a gente voltou [a gravar], foi um misto de medo, de receio e de muita alegria. Parece que houve uma injeção de necessidade de união, e a gente conseguiu, de uma forma difícil, fazer 23 capítulos”, diz.

Adriana conta que cenas com abraço e beijo só aconteciam com o elenco todo testado. Uma das adaptações foi a instalação de uma placa de acrílico entre ela e a atriz Jéssica Ellen, que interpreta sua nora, em uma das gravações. “Aquele acrílico poderia dar uma tristeza, mas foi libertador. E foi a primeira cena em que a gente gritou uma pra cima da outra, em que a gente chegou muito perto sem risco nenhum”, diz, sobre um momento de embate entre as personagens. “Saímos de lá como duas meninas felizes.”

Apesar da experiência nas gravações de “Amor de Mãe”, Adriana diz se sentir receosa, mesmo com os protocolos. “No início, a pessoa que tinha tido Covid achava que estava imune, depois descobriu-se que a imunidade era pequena e agora já há dúvidas de outras cepas”, explica.

A atriz de 51 anos não recebeu o diagnóstico de Covid-19 até então, mas viu bem de perto as complicações da doença. O ator Marco Ricca, 58, com quem foi casada por dez anos e teve seu primeiro filho, chegou a ser intubado em dezembro passado após ser infectado.

“Nosso mês de dezembro aqui em casa foi muito difícil. Hoje, graças a Deus, a gente comemora a vitória dele”, afirma. “Ele contraiu e falou: ‘Não, Adriana, tá tudo certo’. [Passou] uma semana e ele ainda estava com febre, com a saturação ruim, e veio aquele susto do aumento de mortos.”

“Felizmente, ele conseguiu uma vaga em um hospital, mas isso depois de muito sufoco. Lá, o quadro dele piorou”, diz. “A gente falava: ‘Não é possível que essa doença vai carregar ele agora’, como todas as famílias que perderam pessoas maravilhosas, as suas pessoas.”

O caso de Marco Ricca se deu num momento em que a atriz cogitava voltar a encontrar amigos com máscara e distanciamento. “Houve uma ilusão, pra todos nós, de que as coisas iam melhorar. Ilusão”, diz.
Adriana lembra que é preciso não se deixar paralisar diante da epidemia. “A luta continua, a preocupação continua, mas a vida tem que continuar também. É necessário um conhecimento muito grande sobre tudo o que a gente está vivendo porque ele diminui o medo, dá mais ferramentas pra gente seguir em frente.”

Ela chora ao dizer que seu pai foi vacinado e que sua mãe já tem data para receber o imunizante. “Deu muita esperança. No nosso país, em que é tão difícil valorizar as pessoas com mais idade, tá bonito isso dos mais velhos primeiro.”

Adriana conta que jogar xadrez tem sido um de seus escapes nesta quarentena. Junto ao marido, o ator Vladimir Brichta, os três filhos e sua nora, a família organiza torneios inspirados nas competições profissionais.

Pouco chegada às redes sociais —a atriz afirma que nunca teve um perfil no Orkut, no Facebook, no Instagram ou no Twitter—, Adriana diz que tem evitado até mesmo videochamadas. “Estou mais no texto, no carinho, em coisas que a gente manda e recebe.”

Ela afirma que o distanciamento das redes é uma forma de se proteger. Neste mês, seu nome chegou a figurar entre os assuntos mais comentados do Twitter após a vilã Carminha, vivida por ela na novela “Avenida Brasil”, ser comparada à rapper Karol Conká no reality Big Brother Brasil. A atriz não sabia disso até esta entrevista. Na quarta (24), Conká citou a referência em entrevista a Ana Maria Braga. “Sou a nova Carminha”, disse a cantora”.

“A Carminha foi um surpreendente presente na minha vida. É tudo o que uma atriz quer: ter um texto excelente e um elenco primoroso.” E arrisca um palpite sobre o sucesso da personagem. “Ela seduzia as pessoas com bom humor, com alegria, com sensualidade, com elegância. Não existia grosseria nela, mas subversão.”

Adriana, que já foi Lola, Nazaré, Stela, Celinha e muitas outras personagens em 30 anos de carreira, estreou na televisão em 1988, como apresentadora de um programa de variedades da TV Bandeirantes. O que parecia bom para a estudante de comunicação ficou melhor quando foi convidada pela TV Globo para apresentar, ao lado do ator Cassio Scapin, um quadro no que seria o programa do Faustão, em 1989. Sua sorte mudou depois de dois episódios.

“O programa foi exibido um dia só ou dois, no máximo. Não era bom. Quer dizer, não era bom eu apresentando”, relembra, rindo. Tanto ela quanto Cassio foram demitidos.

“Guerreira que sou, bati na porta de algumas pessoas e falei: ‘Eu estava na Bandeirantes, não pedi pra sair, eu estava feliz no meu programa. E agora?’.” Foi então que ofereceram a ela um teste na novela “Top Model”. Ao perguntarem se Adriana era atriz, ela respondeu: “Posso ser”.

“Sou atriz e vou ser atriz para sempre. É o maior prazer da minha vida. O Vlad [Brichta, seu marido] fala, quando eu me emociono: ‘Não faz isso, guarda pra novela’ [risos]. Mas nem precisa guardar. Onde tem isso [emoção], tem muito mais, e isso é o que nos faz. É o que conduz a minha arte.”

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