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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Médicos da USP lançam manifesto a favor da democracia e em apoio à chapa Lula-Alckmin

Documento vem na esteira de outros movimentos, como a carta em defesa da democracia que foi lida na Faculdade de Direito da USP

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Médicos da USP e do Hospital das Clínicas (HC) resolveram se mobilizar a favor da democracia no país. Um manifesto lançado na segunda (8) pelos profissionais de saúde formados na universidade reúne mais de 300 assinaturas. O texto faz duras críticas ao atual governo de Jair Bolsonaro (PL) e defende o voto na chapa Lula-Alckmin. ​

A iniciativa é idealizada por ex-alunos da Faculdade de Medicina (FMUSP) muitos dos quais foram presidentes do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz.

Fachada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Fachada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Rivaldo Gomes -4.jul.2019/Folhapress

"Nós nos juntamos e falamos: Vamos fazer um manifesto porque, afinal, os médicos já tiveram papel importante em muitos momentos da história do país", afirma a médica e pesquisadora Maria Maeno, uma das idealizadoras do texto.

Ela diz que, atualmente, os profissionais não são reconhecidos como pessoas que lutam pela democracia "No entanto, nós queríamos mostrar que temos um grupo que clama, preza e luta pela democracia", segue.

A proposta reúne alunos, ex-alunos e professores não só de medicina, mas também dos cursos de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional da universidade. Também participam profissionais que trabalham no Hospital das Clínicas (HC) e no Hospital Universitário (HU) da Faculdade de Medicina da USP.

"É importante que as pessoas que trabalham na área da saúde se manifestem a favor da democracia como já fizemos na época da redemocratização do país e das Diretas Já. Nós estamos sendo convocados novamente para um momento histórico, em que as nossas liberdades estão ameaçadas", acrescenta Maria.

Segundo ela, o manifesto reúne pessoas de diferentes partidos, que avaliam que no atual momento a chapa Lula-Alckmin é a única que apresenta "viabilidade eleitoral para reconstruir os pilares de nossa democracia".

O documento responsabiliza o governo de Bolsonaro por "dezenas de milhares de mortes". "A área da saúde sofre redução de recursos, que aliada à desestruturação do Ministério da Saúde e à condução desastrosa do presidente, contrária ao conhecimento científico e à opinião dos especialistas, resultou em dezenas de milhares de mortes e sequelas evitáveis."

O manifesto afirma também que são marcas da atual gestão o "desprezo pela cultura, pela pesquisa e pela educação", assim como a "fome, a precarização do trabalho e a degradação ambiental". Diz ainda que o governo de Bolsonaro estimula o armamento da população, ameaça o Poder Judiciário e tenta deslegitimar o sistema eleitoral, "mesmo sem nenhuma evidência de vício no processo do voto eletrônico desde sua adoção".

Já assinaram o documento os infectologistas Aluisio Segurado e Marcos Boulos, também professores titulares da FMUSP, e Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.

O manifesto dos médicos vem na esteira de outros movimentos, como a carta em defesa da democracia que foi lida nesta quinta-feira (11) na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. O documento pode ser assinado aqui.

Leia a íntegra:

"Atravessamos um difícil período da história, convivemos com constantes ameaças por parte do atual governo, várias concretizadas. São afrontas à democracia que nos afastam da construção de um país mais igualitário onde todos possam ter vida melhor e digna.

O atual governo tem trabalhado contra os interesses da população em todos os campos e isola o país do resto do mundo tanto na economia como na política.

A área da saúde sofre redução de recursos, que aliada à desestruturação do Ministério da Saúde e à condução desastrosa do presidente, contrária ao conhecimento científico e à opinião dos especialistas, resultou em dezenas de milhares de mortes e sequelas evitáveis.

O desprezo pela cultura, pela pesquisa e a educação são marcas deste governo, como também a fome, a precarização do trabalho e a degradação ambiental, não só, mas sobretudo na Amazônia e no Cerrado.

Como se não bastasse, o governo estimula o armamento da população sob o argumento de autodefesa, gera confronto sem nenhum sentido com o Poder Judiciário, chegando a ameaçá-lo, e trabalha para deslegitimar o processo eleitoral mesmo sem nenhuma evidência de vicio no processo do voto eletrônico desde sua adoção.

Trata-se de um momento decisivo para nós e para a humanidade, visto que o Brasil pode exercer um papel importante de mediação e de pacificação numa conjuntura internacional complexa, como já o fez ao longo de sua história recente. Pode também ser um ator importante na luta contra o aquecimento global e na organização de respostas às emergências de saúde pública que são cada vez mais frequentes.

Em outubro decidiremos entre a continuidade desta devastação cívica, econômica e social e a construção conjunta de um outro caminho, de políticas voltadas a eliminar a miséria, diminuir as desigualdades, garantir direitos, desenvolvimento científico e tecnológico que nos capacite a aumentar nossa potência no cenário mundial, de valorização da educação, do meio ambiente, de nossas riquezas naturais, do Sistema Único de Saúde. Não podemos nos omitir nesta disputa, cujo resultado será determinante para nós e nossas famílias, em uma perspectiva intergeracional.

Entre as candidaturas postas, não temos dúvida de que a chapa Lula-Alckmin é a que apresenta viabilidade eleitoral para reconstruir os pilares de nossa democracia e de uma sociedade que se caracterize pela atenção e diminuição das iniquidades sociais e econômicas, da intolerância e da violência."

ARCADAS

A cantora Daniela Mercury compareceu à Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo, para participar da leitura de manifestos em defesa da democracia, na quinta-feira (11). A ex-ministra Marina Silva (Rede) e a médica cardiologista Ludhmila Hajjar estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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