Mônica Bergamo

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Banqueiro André Esteves diz que Lula pode 'trazer leveza, alegria e paz', mas precisa 'manter o que funciona' no país

Ele participou de jantar de petista com empresários e citou o Chile como nação que fez tudo certo na economia, mas errou na área social

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O banqueiro André Esteves, do BTG, afirmou em jantar que reuniu empresários em torno de Lula (PT), na terça (27), em São Paulo, que o petista pode "trazer sua leveza, alegria, paz" para o país, e que isso seria o que "todos" esperam dele, caso vença as eleições presidenciais, em outubro.

Empresários se reúnem na casa do presidente do grupo Esfera Brasil, João Camargo, para jantar com Lula (PT), em São Paulo
Os empresários Michael Klein, o banqueiro André Esteves, do BTG, e Abilio Diniz, do Carrefour, se reúnem na casa do presidente do grupo Esfera Brasil, João Camargo, para jantar com Lula (PT), em São Paulo - Arquivo Pessoal

"Todas camadas da sociedade horizontalmente, verticalmente, todos esperam paz", disse ele.

Esteves afirmou, no entanto, que é preciso "consertar aquilo que não está funcionando" –mas que há coisas no Brasil que andam bem e devem ser mantidas. "Conquistas que começaram lá atrás", afirmou ele, e que foram preservadas, na opinião do banqueiro, por governos sucessivos, de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a Jair Bolsonaro (PL).

"Quando a gente troca de governo, a gente nunca deve esquecer que vive no mesmo Estado, na mesma sociedade. Então vamos manter as nossas conquistas, que muitas vezes não são do governo atual, são muito mais amplas, de uma sequência de atitudes, de decisões, de consenso, que foram criadas pela sociedade", afirmou o dono do BTG.

O encontro foi realizado na casa de João Carlos Camargo, presidente do grupo Esfera Brasil, e reuniu, entre outros, os empresários Rubens Ometto, da Cosan, Fabio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o banqueiro André Esteves, do BTG, Benjamin Steinbruch, da CSN, Abilio Diniz, do Carrefour, Flávio Rocha, da Riachuelo, Michael Klein, das Casas Bahia, Dan Ioschpe, do grupo Iochpe-Maxion, e Cândido Pinheiro, da Hapvida.

Convidado a falar, Lula disse que queria primeiro ouvir os empresários. Alguns então foram escolhidos para fazer perguntas –entre eles, André Esteves.

Ele começou elogiando o "discurso construtivo, de bom senso", do economista Aloizio Mercadante (PT-SP), que falou na abertura. Elogiou o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e passou a dialogar com Lula.

"Nosso país é cheio de múltiplas carências, na educação, no meio ambiente, na inserção internacional do Brasil. São coisas que sinceramente o senhor tem, como todos dessa sala aqui, plenas condições de muito rapidamente dar passos que são determinantes, que não vão resolver, mas que vão encaminhar [soluções]. Eu acho que também é muito importante preservar aquilo que está funcionando", afirmou.

Esteves citou a "modernização" do estado brasileiro, que ele entende ter sido promovida pelo governo de Fernando Henrique Cardoso ao criar, por exemplo, agências independentes dos setores de óleo-gás, telecomunicações, elétrico, e que foram preservadas por Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) "e pelo presidente [Jair] Bolsonaro".

Ele afirmou também a Lula que ele poderia ter "certeza" de que os empresários presentes ao encontro apoiarão políticas que possam promover justiça social e diminuição da desigualdade.

E citou o Chile como exemplo de país que, em seu entendimento, "fez tudo certo" na economia, mas "errou na área social".

"Apesar de todo o avanço econômico do Chile, ao não criar o mínimo de uma rede social, criou uma instabilidade institucional num país que podia estar mais harmônico, construtivo. Alguém que tem 85 anos, lá, não pode andar de ônibus, ter assistência de saúde", seguiu Esteves.

"Nós queremos ser os EUA, Inglaterra, Japão, nesse sentido estamos até melhor que boa parte dessa turma. Não queremos ir para a direção da Argentina. Acho que o discurso de todos aqui está claro. Acho que a principal informação é que todo mundo apoia uma agenda que dê apoio à sociedade, que apoie os mais vulneráveis e reduza a desigualdade. E todo mundo gostaria de ver a gente melhorar o que precisa, e precisa profundamente, e, de novo, manter aquilo que está funcionando na sociedade. E que muitas vezes vem de um passado de consensos que foram criados desde o seu governo, do governo FHC e de outros governos para trás", finalizou Esteves.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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