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Isa Penna é ameaçada de morte e pede investigação à Procuradoria Regional Eleitoral

Em texto, agressor diz que vai invadir Assembleia Legislativa e promover massacre

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A deputada estadual Isa Penna (PC do B), candidata a deputada federal por São Paulo, entrará com uma representação na Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo, nesta segunda (19), para pedir investigação urgente de uma ameaça de morte que ela recebeu por email no fim de semana.

A deputada estadual Isa Penna - Divulgação

No texto, o agressor "exige" que o mandato do deputado estadual paulista Douglas Garcia [Republicanos] não seja cassado e que, em vez disso, Isa Penna renuncie, caso contrário ele irá "invadir a Assembleia Legislativa e fazer um massacre".

Diferentemente de outras ameaças já recebidas pela deputada, que eram anônimas, nesta o email é assinado por Emerson Eduardo Rodrigues Setim, homem que foi preso em 2012 pela Polícia Federal por manter um site com publicações contra negros, judeus, mulheres, homossexuais e nordestinos. Em 2019, o nome dele também esteve envolvido em ameaças de morte contra o então deputado Jean Wylls.

"É extremamente grave. Além de todos os xingamentos e ameaças, é uma clara tentativa de intimidação e coação de uma mulher que é uma parlamentar e candidata a deputada federal", diz a advogada de Isa Penna, Maíra Recchia.

"É importante que se investigue também a conduta do deputado Douglas Garcia já que ele aparece como defendido em meio às agressões", afirma ela.

Após ataques que o bolsonarista Garcia fez à jornalista Vera Magalhães, na terça (13), ao fim do debate entre candidatos ao Governo de São Paulo, parlamentares entraram com representações no conselho de ética da Alesp pedindo a cassação do mandato do deputado.

Maíra Recchia, que atua em conjunto com a advogada Priscila Pamela dos Santos, afirma que elas decidiram entrar com um pedido diretamente na Procuradoria Regional Eleitoral, já que se trata de uma violência política de gênero. Na representação, elas pedem também a prisão preventiva de Emerson Eduardo, caso fique comprovado que ele é o autor do email.

A ameaça foi enviada no domingo (18) para o email institucional de Isa Penna. Foi um funcionário da equipe dela que abriu a mensagem na manhã desta segunda (19).

A parlamentar segue com seus compromissos de campanha. "É uma tentativa de intimidação ao crescimento da minha campanha e do avanço da luta das mulheres nas ruas que é real. Bolsonaro e o bolsonarismo têm medo pois sentem que chegaram no seu teto eleitoral, sabem que ele será preso se julgado. Acuados, eles atacam. O Brasil precisa responder nas urnas que as mulheres serão representadas e reconhecidas como iguais. Mais mulheres, menos fascistas. Pânico de nada, vamos pra cima do mesmo jeito", afirma.

No texto do email, o agressor chama Isa Penna de "aberração", "cara de bolacha Trakinas", "sapatona nojenta" e "puta". Diz ainda que ela ganha uma fortuna, enquanto ele está desempregado, vivendo de Auxílio Brasil e com a mulher diagnosticada com câncer de mama.

Afirma também que comprará uma pistola em um morro no Rio de Janeiro e uma passagem só de ida para São Paulo para matá-la. "Eu já tenho todos os seus dados e vou aparecer aí no seu gabinete na Assembleia Legislativa".

Ameaça "matar todos os deputados e assessores" que encontrar, incendiar o prédio da Assembleia e, no fim, se matar.

O email termina com o agressor dizendo que não adianta ela avisar a polícia ou andar com seguranças. "Renuncie ou nada no mundo vai me fazer impedir de te matar e me matar em seguida".

Como mostrou a Folha, a eleição deste ano será a primeira com uma lei sobre violência política de gênero em vigor.

Aprovada no ano passado, a lei 14.192 estabelece que é crime assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar uma candidata, com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou ainda à sua cor, raça ou etnia. A lei também vale para mulheres que já ocupam cargos eletivos.

A punição é de até quatro anos de prisão e multa. Se a violência ocorrer pela internet e em redes sociais, a pena pode chegar a seis anos.

O movimento para endurecer as regras contra agressores foi capitaneado pela bancada feminina no Congresso, que viu escalar os episódios de ataques na política nos últimos anos.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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