Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Folhajus LGBTQIA+

Filha de Daniela Mercury e Malu denuncia Cássia Kis por LGBTfobia ao Ministério Público

Márcia Verçosa de Sá Mercury diz ter ficado 'estarrecida' ao ouvir declarações discriminatórias

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Uma das filhas da cantora Daniela Mercury e da empresária Malu Verçosa acionou o Ministério Público do Rio de Janeiro contra a atriz Cássia Kis. Bacharel e pós-graduanda em direito, Márcia Verçosa de Sá Mercury acusa a artista de LGBTfobia.

Em entrevista à jornalista Leda Nagle, Cássia Kis afirmou que famílias compostas por pessoas LGBTQIA+ representam uma "ameaça sobre a família" e destroem a vida humana. "Não existe mais o homem e a mulher, mas é a mulher com a mulher e o homem com o homem", disse ela.

A bacharel e pós-graduanda em direito Márcia Verçosa de Sá Mercury, filha da cantora Daniela Mercury e da empresária Malu Verçosa - Arquivo pessoal

"O que é que está por trás disso? Destruir a família, sem dúvida nenhuma. Mas destruir a família só? Não. Destruir a vida humana. Porque, que eu saiba, homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Então, como é que a gente vai fazer?", afirmou ainda.

Ao Ministério Público fluminense, Márcia Verçosa de Sá Mercury diz que as declarações atingem e ferem coletivamente pessoas LGBTQIA+ por sugerir que elas representam uma ameaça.

"Falas como a da representada [Cássia Kis] não devem ser vistas apenas como polêmicas ou algo menor. Devem ser nomeadas pelo que de fato são: discriminação LGBTfóbica, um crime", afirma.

Malu Verçosa enviou o depoimento da filha à coluna:

"Fiquei estarrecida ao ver as declarações homofóbicas da atriz Cássia Kis, a quem eu respeitava como representante da arte brasileira, sempre presente no nosso cotidiano, entrando na nossa casa através das inúmeras novelas que fez durante a carreira, inclusive estando no ar diariamente atualmente na Rede Globo. Uma mulher com a visibilidade dela não pode se sentir no direito de atacar a minha família durante uma entrevista.

Ao ver a gravação em que ela ataca famílias como a minha, chorei. Ela fala que as pessoas LGBTQIAP+ destroem as famílias. Com que direito ela pode falar isso se a minha família foi justamente construída a partir de uma união homoafetiva? A adoção é um ato de amor que muda a vida de muitas crianças e adolescentes. Mudou a minha vida e a de minhas irmãs.

Eu tive a sorte de encontrar duas mulheres corajosas que não se intimidaram com os preconceitos da sociedade e decidiram adotar uma menina de 13 anos de idade, outra de 10 e a terceira na época com um ano. Elas nos ensinaram a importância da honestidade, do caráter, bondade e do respeito à diversidade, seja ela qual for.

A cantora Daniela Mercury com sua esposa, a empresária Malu Verçosa, e as filhas do casal - Arquivo pessoal

As palavras de Cássia Kiss me causaram impactos psicológicos profundos e me levaram de volta ao sofrimento que senti por muitos anos antes de encontrar o amor e a estrutura que uma base familiar sólida como a minha proporciona. As palavras dela fizeram eu me sentir vulnerável e desamparada legalmente.

Como filha de um casal de lésbicas, me sinto no dever, por minhas irmãs e por toda comunidade LGBTQIAP+ que é vítima violências cotidianas, de agir para que ela seja punida no rigor da lei. Minha família merece respeito, a população LGBTQIAP+ merece respeito!

Espero que Cássia Kiss responda pelo crime de LGBTfobia e seja condenada. Só com o cumprimento da Lei conseguiremos ter nossos direitos respeitados."

Na representação, Márcia diz ainda que "pessoas LGBTQIA+ também constituem famílias —inclusive juridicamente reconhecidas e protegidas pelo Estado brasileiro.

Márcia afirma também ao Ministério Público que as falas de Cássia Kis fizeram com que se sentisse vulnerável e desamparada legalmente. "Não há espaço para a discriminação LGBTfóbica no Estado brasileiro. Por muito tempo ela foi tolerada, mas não mais", afirma.

A pós-graduanda é representada pelo advogado Pedro Martinez na representação. "LGBTfobia é crime no Brasil, é preciso que se entenda isso. Não deixaremos passar quaisquer ataques a pessoas e famílias LGTBQIA+", afirma o defensor.

A denúncia destaca que as falas da atriz tiveram grande alcance e que, apenas no canal oficial de Leda Nagle, foram mais de 600 mil visualizações. Ao Ministério Público, Márcia solicita a adoção de medidas que tirem o vídeo do ar e que impeçam a sua monetização.

O pedido de instauração de procedimento criminal foi protocolado junto à Coordenadoria de Direitos Humanos e de Minorias do Ministério Público do Rio de Janeiro.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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