Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Folhajus Fies

Deputado aciona MPF contra entidade que criticou novo piso de professores

OUTRO LADO: Confederação Nacional dos Municípios diz que posicionamento foi emitido em 2022 e reforçado agora

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O deputado estadual de São Paulo Carlos Giannazi (PSOL) protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) por ter orientado prefeituras a não concederem o reajuste salarial dos professores de escolas públicas anunciado pelo Ministério da Educação.

A entidade apontou ilegalidade no ato. Segundo uma estimativa da confederação, o aumento do piso deve ter um impacto de R$ 19,4 bilhões nos cofres municipais.

Sala de aula da escola estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, na zona leste de São Paulo
Sala de aula da escola estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, na zona leste de São Paulo - Zanone Fraissat - 18.out.2021/Folhapress

No documento enviado ao MPF, o parlamentar argumentou que a orientação da CNM seria ilegal por supostamente "manipular gestores de todo país para que deixem de cumprir uma lei federal em vigor".

Giannazi ainda segue: "A entidade está induzindo prefeitos ao erro, à falsa interpretação da lei e à prática de crime de prevaricação". O deputado quer que o MPF tome medidas para determinar que a confederação deixe de divulgar a nota.

O reajuste dos ganhos iniciais dos docentes da educação básica é determinado pela chamada Lei do Piso, de 2007, que passou a valer no ano seguinte. Essa legislação vincula o aumento à variação do valor anual por aluno do Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica.

Dessa forma, o reajuste não é uma concessão do governo federal nem há previsão legal para que o MEC faça qualquer publicação. Historicamente, no entanto, o ministro da Educação faz uma publicação de algum ato para indicar o novo valor —gestores aguardam essa sinalização.

Como a legislação do Fundeb foi alterada em 2020, com a previsão de mais valores no montante total, a CNM entende que a Lei do Piso teria caducado.

O texto do novo Fundeb, de 2020, diz que "lei específica disporá sobre o piso salarial profissional" do magistério. Há consenso entre especialistas, congressistas e representações sindicais da categoria de que a lei precisa ser revista para se adequar ao novo Fundeb, mas o Congresso não apreciou novo projeto sobre o tema.

Apesar do consenso com relação à necessidade de alterar o piso, especialistas, congressistas e representações sindicais da categoria afirmam que, enquanto não houver nova lei, o texto de 2007 continua valendo e deve ser respeitado.

A CNM informou, em nota, que um vácuo legislativo coloca em risco a segurança jurídica de aplicação do reajuste do piso nacional do magistério.

"Essa interpretação [da CNM] ou consenso representa os interesses de apenas alguns setores que sempre tentaram sabotar o piso do magistério", afirma o deputado Giannazi à coluna.

Procurada, a CNM diz que "a posição da entidade sobre o piso foi objeto de parecer jurídico emitido no início do ano de 2022, por ocasião da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, e divulgada amplamente nos canais da entidade, sendo reforçada neste momento em função da edição de nova portaria homologando reajuste".

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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